|  | 
| Marco Maia é o favorito na eleição para a Câmara | 
O deputado Marco Maia (PT-RS) está perto de conseguir um feito raro  na disputa da presidência da Câmara dos Deputados. Ele pode ser aclamado  para o cargo com o apoio de todos os partidos – o que ocorreu apenas  três vezes desde a redemocratização. O deputado Sandro Mabel (PR-GO) é o  único que pode impedir a façanha de Maia.
O parlamentar disse à  agência inglesa de notícias Reuters que está fazendo um processo de  consultas a outros deputados para ver se há possibilidade de concorrer à  presidência. Mabel não conta com o apoio nem mesmo de seu próprio  partido, que fará na terça-feira um jantar em apoio à candidatura de  Maia.
– Eu acho que uma candidatura única é ruim para o  Parlamento. Eu estou consultando uns deputados para ver o sentimento da  Casa. Até dia 25 ou 26 eu decido se concorro ou não. Mas eu não sou  candidato – disse.
Até agora, Maia já tem ao seu lado as bancadas  do PT, do PMDB, do PP, do DEM, do PSDB, do PCdoB, do PSB e do PR. No  caso desses dois últimos, a adesão à candidatura do petista será  formalizada nos próximos dias. Outro deputado que cogitou em concorrer  contra Maia e desistiu foi Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele presidiu a Câmara  entre 2005 e 2006, quando o governo passava por uma forte crise  política. O comunista deixou o Ministério da Coordenação Política para  disputar o cargo, que ficou vago após a renúncia de Severino Cavalcanti  (PP-PE).
– Fui procurado por algumas lideranças e me comprometi a  fazer consultas até o dia 15 (de janeiro). Eu concluí as consultas e  cheguei à conclusão que não deveria apresentar minha candidatura. O  problema não é ter uma candidatura única. É que a disputa está viciada.  Um partido indica e aos outros resta a possibilidade de aderir ou não –  pontuou.
Apesar da posição, Aldo disse que seguirá a orientação do  seu partido e apoiará Maia. Ele considera que não será fácil para Mabel  ter o apoio para concorrer.
– Ele pode conseguir. Há uma insatisfação. Mas foi uma escolha das lideranças – acrescentou.
Esta  será à 14ª eleição desde 1987, e nem o deputado Ulysses Guimarães,  ícone da redemocratização no Brasil, conseguiu ser aclamado pela Câmara.  Naquele ano, o peemedebista histórico teve que concorrer contra o  correligionário Fernando Lyra (PMDB-PE). Maia pode repetir o feito dos  deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que presidiu a Casa entre 1991 e  1992, Michel Temer (PMDB-SP), quando comandou a Câmara pela segunda vez  entre 1999 e 2000, e João Paulo Cunha (PT-SP), que foi eleito para  presidência nos dois primeiros anos do governo Lula, entre 2003 e 2004.
Acordo com oposição
Logo  após o acordo entre PT e PMDB para dividir o comando da Câmara nos  próximos quatro anos, os dois primeiros partidos que confirmaram o apoio  a Maia foram os de oposição. O Democratas e o PSDB anunciaram ainda em  dezembro que não disputariam a presidência da Casa. O PSDB fechou um  acordo com Maia para garantir um lugar na mesa diretora, que pode ser a  vice-presidência ou a primeira-secretaria, e para que a bancada seja  escolhida para relatar projetos importantes durante o biênio.
Ao  DEM, assim como ao PSDB, Maia prometeu respeitar a regra da  proporcionalidade, que garante às maiores bancadas a escolha de  presidências das comissões permanentes de acordo com o número de  deputados eleitos. O Democratas também terá um lugar na mesa diretora. O  deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), favorito para liderar a bancada  tucana em 2011, disse, por meio da assessoria, que o acordo fechado em  dezembro para eleger Maia na presidência pelo líder João Almeida  (PSDB-BA) será mantido.
Disputas
Nos  últimos anos, a eleição pela presidência da Câmara chegou a ter disputas  bastante acirradas. Em 2005, dois deputados do PT não chegaram a um  acordo e foram para a disputa contra outros três parlamentares. A base  aliada do governo Lula rachou e o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE)  foi para o segundo turno contra o candidato governista, Luiz Eduardo  Greenhalgh (PT-SP).
O pernambucano, conhecido como o “rei do baixo  clero (grupo de deputados de pouca expressão)”, ganhou a disputa, mas  deixou o cargo em setembro ao ser acusado de cobrar propina para  renovação das concessões de restaurantes na Câmara.
Num clima  político muito tenso, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo  (PCdoB), deixou o cargo e reassumiu o mandato de deputado para concorrer  ao mandato tampão. Dez parlamentares se candidataram à presidência.
A  candidatura de Maia poderia ter resultado em nova disputa petista pelo  comando da Casa. Além dele, os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e  Cândida Vaccarezza (PT-SP) disputaram dentro do partido a indicação da  bancada. Chinaglia e Vaccarezza desistiram por falta de apoio na  bancada.
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário