terça-feira, 9 de novembro de 2010

Saiba porque a velha imprensa tenta desqualificar o Enem

Os jornalões da velha imprensa se dedicaram, nos últimos dias, a promover uma desmoralização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Só para efeito de comparação, O Globo fala em pedido de anulação, caso de polícia, exame marcado por erros, guerra judicial, queixa-crime e desastre. Factualmente, o motivo pra gritaria é pífio, mas os porta-vozes de cursinhos e de setores privilegiados da elite têm seus motivos pra tentar desmoralizar o exame.

No final das contas, o fato é que 0,04% dos alunos voluntariamente inscritos na prova talvez venham a refazê-la, por causa de uma troca do cabeçalho de alguns cartões de resposta. Foram 4,6 milhões estudantes inscritos e talvez 2 mil tenham que refazer a prova. Nenhum deles terá prejuízo financeiro com isso, pois o Enem não é como os vestibulares que cobram taxa.
Além de arrecadarem milhões para as faculdades e universidades, os vestibulares estimulam toda uma rede de serviços, como cursinhos caríssimos, que estão se sentindo prejudicados com as facilidades do Enem. O modo como o Enem facilitou o acesso dos estudantes mais pobres às faculdades particulares e universidades públicas deve incomodar, também, setores conservadores que preferem manter o privilégio do acesso ao ensino superior a uma minoria.
Um exame que só se consolida
Em 2009, as provas vazaram da gráfica da Folha de São Paulo, que foi devidamente afastada da concorrência deste ano. Assim que houve a gritaria da imprensa pelo vazamento, o ex-governador José Serra tirou as universidades de São Paulo do Enem.
O Governo Fernando Henrique instituiu o Enem para copiar o SAT americano: o vestibular único em todo o país, para facilitar o acesso às universidades federais e o deslocamento de estudantes para qualquer universidade. Isso tem a vantagem de baratear o sistema.
De Fernando Henrique para cá, o Enem cresceu 30 vezes. Saiu de 157 mil inscritos em 1998 para 4,6 milhões de hoje. 50 universidades públicas federais aderiram ao ENEM. Isso significa que 47 mil vagas em universidades federais dependem do resultado do Enem.
Em 2004, com um milhão de inscritos, o presidente Lula e o ministro da Educação, Fernando Haddad, estabeleceram o Enem como critério para entrar no ProUni. Com isso, reforçou-se o conceito de que o ProUni tem critérios de capacidade intelectual para premiar o aluno mais pobre. Até então, setores reacionários da sociedade acusavam o ProUni e a política de cotas de beneficiar com vaga na universidade alunos que não tinham capacidade para tanto.
Para o ano que vem, o ministro Haddad estabeleceu que o Enem também será critério para receber financiamento do Fies. É muita verba pública para facilitar que pobres do país inteiro tenham o seu diploma de engenheiro ou médica. A velha imprensa vai continuar tentando desqualificar o exame.

Deputado João Paulo PT/SP