sexta-feira, 1 de julho de 2011

GRAZIANO NA FAO: VITÓRIA DA ESPERANÇA

GRAZIANO NA FAO: VITÓRIA DA ESPERANÇA
Jun 30, 2011
(*) Delúbio Soares
Desde que o Brasil assumiu a vanguarda da luta contra a fome, a desnutrição e a exclusão social, ainda nos anos 40, quando da publicação da “Geografia da fome” pelo genial Josué de Castro, dois foram os marcos nessa batalha hercúlea pela dignidade dos que nada tem e muito necessitam: o lançamento do programa “Fome Zero” e o retumbante sucesso por ele alcançado.
O Brasil não podia ser rico com milhões de filhos seus imersos na mais absoluta pobreza, passando fome, órfãos dos poderes públicos, esquecidos pela sociedade, ignorados pelo país opulento, oficial e vitorioso, das super-safras e dos superávits. Mas, infelizmente, era o que se sucedia.
A sensibilidade social e a visão humanista do presidente Lula mobilizaram o Brasil e os brasileiros para o combate à chaga aberta em nosso vasto território. E foi através do trabalho de brasileiros idealistas e competentes, espalhados por todos os rincões, nas mais diferentes esferas do poder público, com o apoio da sociedade civil e a mobilização popular, que o Brasil atendeu ao chamado de Lula e enfrentou a vergonhosa situação de fome num país que já era o celeiro do mundo. José Graziano, meu companheiro petista, técnico competente e homem de reconhecidas preocupações sociais, estava à frente de esforço nacional que se converteria num êxito mundialmente reconhecido e numa autêntica epopéia que viria a transformar a face de nosso país e sua sociedade.
Filho de um dos maiores brasileiros que conhecí, José Gomes da Silva, que foi nossa maior autoridade em reforma agrária e cuja generosidade humana e a crença em nosso país não conheceram limites, Graziano herdou do pai a vocação para servir ao Brasil e defender seus ideais. Deu o melhor de suas forças auxiliando o presidente Lula e todos os que com ele fizeram o excepcional trabalho do “Fome Zero”, e agora nos orgulha ao ser eleito diretor-geral da FAO, o organismo das Nações Unidas para agricultura e alimentação. Trata-se de fato histórico e de extrema relevância para o Brasil e os brasileiros.
Graziano venceu renhida disputa com um concorrente respeitado, o ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos. Mas os países mais carentes, aqueles onde a fome ainda castiga milhões de seres humanos, as Nações que conhecem os flagelos da desnutrição, da mortalidade infantil e de toda sorte de carências, optaram pelo nome do brasileiro justamente por sua identificação com o trabalho que desenvolveu no governo Lula e esperam que a FAO, sob seu comando, faça ainda mais do que vem fazendo na luta contra a fome e a exclusão social de centenas de milhões de irmãos nossos pelo mundo afora. A vitória de Graziano é um fato histórico. É a vitória da esperança em um mundo sem fome, um mundo melhor e mais justo.
Enganam-se os que pensam que o combate à miséria e as políticas que redundam em profundas mudanças na estrutura social, como ocorreu no Brasil com a chegada de mais de 30 milhões de cidadãos à classe média, são assistencialistas ou eleitoreiros. As críticas recebidas pelo presidente Lula, seu governo, o PT e os partidos que formam a base de sustentação do governo da presidenta Dilma Rousseff,  ou trazem o vezo da arrogância elitista e do preconceito social, ou são, apenas e tão somente, de pura e deplorável má-fé. As conquistas da sociedade brasileira foram evidentes com o “Fome Zero” sob a égide do governo Lula, e os avanços já no governo Dilma, com a considerável ampliação de recursos e esforços, já se fazem sentir e nos dão ainda mais ânimo para continuar uma luta que não conhece trégua nem tem quartel.
Ao mesmo tempo em que José Graziano e um punhado de brasileiros tocavam adiante a luta contra a fome, o governo Lula avançava em outras frentes: na recuperação da indústria naval, no incentivo à produção agrícola, na geração de empregos, na abertura de oportunidades a todos os brasileiros, na democratização do ensino, na oferta de crédito a todas as camadas da sociedade, no mais ambicioso e bem-sucedido programa habitacional já visto em nosso país. O Brasil conjugou a luta contra o estigma da fome com um conjunto de iniciativas que propiciaram a mudança de um país destroçado na década dos 90 para a Nação confiante e vitoriosa dos dias de hoje.
A missão de Graziano na FAO é dura. Caberá a ele enfrentar uma desgraça medieval em pleno século XXI. Ele sabe que nos anos mais infames da história brasileira, quando o neoliberalismo dos tucanos arrasou nossa economia, quatro em cada dez brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza, passavam fome, eram miseráveis. Reduzimos 75% dessa marca vergonhosa. Hoje, resta um em cada dez brasileiros em tal situação. É pouco? Não, é demais! Somente quando todos os brasileiros comerem, obtiverem condições dignas de sobrevivência e a fome for apenas uma recordação tristonha de um passado longínquo, aí, sim, nós, descansaremos.
José Graziano continuará a luta do inesquecível Josué de Castro, que na FAO lançou a semente generosa de um planeta sem fome, e tornou-se um dos brasileiros mais queridos e respeitados em todo mundo. Levará aos cinco continentes o experimento vitorioso do governo Lula, que recuperou a dignidade e resgatou a cidadania de dezenas de milhões de cidadãos que não comiam, não eram respeitados pelos governos, eram tratados como massa sem alma.
Boa sorte, Graziano! Não lhe faltam nem competência, nem coragem.
(*) Delúbio Soares é professor

Tinha ordem para matar Zé Dirceu. E não cumpri"


Herwin de Barros, ex-policial e agente da CIA que prendeu o então líder estudantil num Congresso da UNE, fala ao 247 e revela que irá processar o Estado brasileiro. Diz que foi perseguido por não executar seu preso mais "perigoso"
Claudio Julio Tognolli, 247

Herwin de Barros, o homem que prendeu Zé Dirceu no Congresso da UNE, fazendo uso de um ancinho, vai processar o estado brasileiro. Quer ser ressarcido. Quer aposentadoria de agente especial da Polícia Civil de São Paulo. Por quê? “Porque eu tinha ordens emanadas da CIA, a central de inteligência dos EUA, para assassinar Zé Dirceu. Não cumpri isso. E fui execrado. Em abril de 1984 mudaram até o regimento interno da polícia de São Paulo para que eu pudesse ser afastado. Tudo porque me neguei a assassinar friamente Zé Dirceu”, confessou Erwin ao Brasil 247.

A este repórter Herwin de Barros contou a história da encomenda da morte de Zé Dirceu, pela primeira vez, em agosto de 1998. Eu e Marcelo Rubens Paiva fazíamos então uma capa do finado caderno Mais!, da Folha de S. Paulo, intitulado “A Companhia Secreta”. Eram documentos, obtidos por Paiva, e trazidos à luz pública pela brazilianista Marta Huggins, mostrando a participação da CIA no movimento militar de 1964. Erwin resolveu contar tudo, pela primeira vez em sua vida. Desde então, seguiram-se capas e capas de revistas sobre sua vida. Agora dr. Erwin quer desabafar mais.

“Minha vida toda fui perseguido por agentes de segurança, que queriam saber de que lado eu afinal estava. Ninguém acreditava que eu não estava de lado nenhum. Em 1975 o SNI plantou duas mulheres lindíssimas em cima de mim, uma negra e uma loira. Deram em cima de mim para simplesmente saber qual era a minha ligação com as esquerdas”, revela Erwin.

Corria o ano de 1985. Um vetusto e poderoso delegado de polícia civil de São Paulo impede a entrada do advogado de Herwin na sala, para defender seu cliente. O advogado, fugindo do estrépito de rabugices do delegado, retira-se e bate a porta. Lá dentro, o delegado dispara a Herrwin, varado de ódio: “Agora você vai ver o que é bom, ninguém mandou ter ficado ao lado dos terroristas”. Mas: como um homem nada fácil, que é Herwin, amante das navalhas e armas brancas, agente do Dops, treinado pela CIA, a Central de Inteligência dos EUA, poderia ser acusado de tamanha postura?

“Paguei muito caro o preço por não ter torturado, espancado, ou levado armas automáticas para prender Zé Dirceu no Congresso da UNE de outubro de 1968”, confessa o hoje advogado Herwin de Barros.”
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