domingo, 27 de março de 2011
Dilma vai abordar direitos humanos com Hu Jintao na China
Renata Giraldi, Agência Brasil
“A presidenta Dilma Rousseff deve abordar o tema dos direitos humanos com o presidente chinês, Hu Jintao, um tema delicado para o principal parcerio econômico do Brasil. Dilma deve listar as semelhanças que há entre China e Brasil e necessidade de concentrar nos interesses comuns. Assessores, que preparam a visita, negam que haverá contrangimento, pois situação semelhante ocorreu entre Hu Jintao e o presidente norte-americano, Barack Obama.
Para Dilma, a defesa de direitos humanos deve ser um discurso constante, segundo assessores. Na semana passada, o Brasil apoiou investigações por meio do Conselho de Direitos Humanos nas Nações Unidas sobre casos de violações no Irã.
Constantemente, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, repete que a defesa dos direitos humanos é um princípio e que não se trata de uma questão sobre um ou outro país.
Em janeiro, na Casa Branca, Obama recebeu Hu Jintao. Na conversa, Obama disse ter cobrado do presidente chinês ações na área de direitos humanos. Em resposta, Hu Jintao optou pelo tradicional discurso de que outros países não devem interferir nos assuntos domésticos da China.
Porém, o chinês admitiu que há ainda “muito a ser feito” e afirmou que houve avanços que devem ser reconhecidos. Segundo ele, o governo da China se dispõe a manter as discussões sobre direitos humanos desde que respeitadas as garantias de não interferência em assuntos internos.
Organizações não governamentais acusam a China de vetar a liberdade de expressão e individual, impedir as ações de grupos que não tenham vínculos diretos com o governo e proibir ativismo político contrário ao governo.”
Briga de 2014 ‘nacionaliza’ pleito de 2012
“Partidos ensaiam projetos comuns para enfrentar PT, que tratará de maneira nacionalizada capitais estratégicas para aliança nacional
As eleições municipais de 2012 devem romper a tradição segundo a qual a sucessão nas prefeituras é uma briga entre lideranças locais. Depois de três derrotas presidenciais, a oposição ensaia projetos comuns, num jogo eleitoral que pode ser de vida ou morte. O PT, por sua vez, que não quer ser apeado do poder central, vai "nacionalizar" a disputa em algumas capitais.
"O PT definiu que tratará de maneira nacionalizada capitais estratégicas para nossa aliança nacional", adianta o ex-deputado Virgílio Guimarães (MG), agora dirigente nacional petista. Ele avalia que 2012 pode ser "definidor para o projeto 2014", a partir de Belo Horizonte, onde a aliança nacional com o PSB será posta à prova, em disputas com o PMDB e o PC do B, todos da base do governo Dilma Rousseff.
Visto pela oposição como pré-candidato ao Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já mostra preocupação, certo de que o resultado da briga mineira estará vinculado ao desempenho de lideranças nacionais - como ele. "Há sempre a leitura do quem ganhou e quem perdeu", diz Aécio, ao admitir que as eleições municipais ajudam a montar o tabuleiro da disputa presidencial de 2014.”
Matéria Completa, ::Aqui::
BRASIL!BRASIL!
Christiane Samarco, O Estado de S.Paulo
As eleições municipais de 2012 devem romper a tradição segundo a qual a sucessão nas prefeituras é uma briga entre lideranças locais. Depois de três derrotas presidenciais, a oposição ensaia projetos comuns, num jogo eleitoral que pode ser de vida ou morte. O PT, por sua vez, que não quer ser apeado do poder central, vai "nacionalizar" a disputa em algumas capitais.
"O PT definiu que tratará de maneira nacionalizada capitais estratégicas para nossa aliança nacional", adianta o ex-deputado Virgílio Guimarães (MG), agora dirigente nacional petista. Ele avalia que 2012 pode ser "definidor para o projeto 2014", a partir de Belo Horizonte, onde a aliança nacional com o PSB será posta à prova, em disputas com o PMDB e o PC do B, todos da base do governo Dilma Rousseff.
Visto pela oposição como pré-candidato ao Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já mostra preocupação, certo de que o resultado da briga mineira estará vinculado ao desempenho de lideranças nacionais - como ele. "Há sempre a leitura do quem ganhou e quem perdeu", diz Aécio, ao admitir que as eleições municipais ajudam a montar o tabuleiro da disputa presidencial de 2014.”
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Meio mundo de gente armada
“Ao desembarcar no aeroporto de Brasília nesta terça-feira passada, o motorista do táxi que me levou ao centro da cidade iniciou uma longa conversa cujo tema principal e único foi sobre a visita do presidente norte-americano Barack Obama à capital federal.
Em linguagem popular e sábia ele relatou os diversos transtornos que passou a capital federal durante a visita presidencial. Disse que presenciou a chegada da equipe de apoio e segurança de Obama ao aeroporto Juscelino Kubitschek.
Segundo ele “foram três imensos aviões carregados de materiais e desceram com vários veículos de todos os tipos e umas limusines, sendo que de um deles desembarcou meio mundo de gente armada que mais parecia que ia haver uma guerra em Brasília”.
Na realidade essa foi a imagem que os brasileiros presenciaram pela televisão, por onde ia o presidente Obama estava esse aparato bélico, além dos seguranças nacionais que garantiram a integridade física do presidente americano.
No Rio de Janeiro então os cuidados foram triplicados talvez pela tradição histórica de rebeldia e aguçada consciência crítica dos cariocas.
O fato é que reprimiram vários protestos contra a presença de Barack Obama no Rio, cancelaram o discurso que estava programado na Cinelândia, palco de grandes manifestações populares da História brasileira, pelas dificuldades de posicionar os atiradores de elite dos EUA nos prédios do centro da cidade.”
Artigo Completo, ::Aqui::
BRASIL! BRASIL!
Eduardo Bomfim, Vermelho
Em linguagem popular e sábia ele relatou os diversos transtornos que passou a capital federal durante a visita presidencial. Disse que presenciou a chegada da equipe de apoio e segurança de Obama ao aeroporto Juscelino Kubitschek.
Segundo ele “foram três imensos aviões carregados de materiais e desceram com vários veículos de todos os tipos e umas limusines, sendo que de um deles desembarcou meio mundo de gente armada que mais parecia que ia haver uma guerra em Brasília”.
Na realidade essa foi a imagem que os brasileiros presenciaram pela televisão, por onde ia o presidente Obama estava esse aparato bélico, além dos seguranças nacionais que garantiram a integridade física do presidente americano.
No Rio de Janeiro então os cuidados foram triplicados talvez pela tradição histórica de rebeldia e aguçada consciência crítica dos cariocas.
O fato é que reprimiram vários protestos contra a presença de Barack Obama no Rio, cancelaram o discurso que estava programado na Cinelândia, palco de grandes manifestações populares da História brasileira, pelas dificuldades de posicionar os atiradores de elite dos EUA nos prédios do centro da cidade.”
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Petista presidirá subcomissão do Senado para combater a pobreza
O senador Wellington Dias (PT/PI) foi indicado para presidir a Sub-Comissão Temporária de Erradicação da Miséria e Redução da Pobreza, no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.
Para ele, erradicar a miséria é dar qualidade de vida às pessoas. “Colocar a erradicação da miséria não só do ponto de vista da renda e da alimentação. Estive nessa semana com a Ministra Tereza Campelo, e com sua secretária executiva Ana Fonseca, mostrando que não basta dar renda. Você tem situações que a renda pode ser elevada, mas a pessoa não tem a qualidade de vida. Então a idéia é que a gente possa listar todos os itens que sejam necessários para que alguém tenha qualidade de vida, e então erradicar a miséria num conceito mais moderno, mais amplo”.
Wellington Dias comentou que vai reunir todas as propostas sobre o assunto, tanto no Senado Federal como na Câmara dos Deputados, para aprimorar as metas estabelecidas pelo Governo. (Bruno Costa – Portal do PT)
RádioPT – Clique aqui ou no player abaixo para ouvir a reportagem com o senador Wellington Dias.
Comissão do Senado vai combater a probreza
RádioPT - Clique no link a seguir para ouvir outras reportagens em áudio PTBrasil2
Para ele, erradicar a miséria é dar qualidade de vida às pessoas. “Colocar a erradicação da miséria não só do ponto de vista da renda e da alimentação. Estive nessa semana com a Ministra Tereza Campelo, e com sua secretária executiva Ana Fonseca, mostrando que não basta dar renda. Você tem situações que a renda pode ser elevada, mas a pessoa não tem a qualidade de vida. Então a idéia é que a gente possa listar todos os itens que sejam necessários para que alguém tenha qualidade de vida, e então erradicar a miséria num conceito mais moderno, mais amplo”.
Wellington Dias comentou que vai reunir todas as propostas sobre o assunto, tanto no Senado Federal como na Câmara dos Deputados, para aprimorar as metas estabelecidas pelo Governo. (Bruno Costa – Portal do PT)
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Comissão do Senado vai combater a probreza
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Piso salarial dos professores poderá ser julgado esta semana pelo STF
Na próxima semana o Supremo Tribunal Federal, STF, deve julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre a Lei do Piso dos Professores. Para a presidente da Comissão de Educação da Câmara Federal, deputada Fátima Bezerra (PT/RN), a expectativa é de que o Supremo julgue a favor dos professores para que os estados cumpram integralmente o que foi sancionado em 2008.
A deputada afirma que o PT apoia a causa dos professores no Congresso. “Esse é um compromisso sagrado e há muito tempo o PT vem lutando pela expansão, fortalecimento e melhoria na qualidade da educação brasileira. O Partido tem consciência que um dos fatores essenciais para alcançar essa meta é investir tanto na formação dos professores quanto na melhoria salarial dos profissionais” disse Bezerra.
Além do aumento salarial, outro debate que promete movimentar o Congresso este ano é o novo Plano Nacional de Educação. “Temos que ter em vista que 20% das metas do Projeto de Lei que tramita no Congresso Nacional, dizem respeito a valorização salarial e profissional do magistério da educação básica. Temos que priorizar essa discussão no Congresso e temos disposição para isso” explicou a parlamentar.
Para a deputada Fátima Bezerra, uma das metas do novo Plano Nacional de Educação, que diz respeito à elevação do piso salarial do magistério, faz parte do investimento em educação e qualidade de vida para ajudar a erradicação da miséria, uma das bandeiras do governo Dilma Rousseff. (Janary Damacena – Portal PT)
Gleisi Hoffman (PT/PR) quer mudanças para eleições ao Senado Federal
A senadora petista Gleisi Hoffman está colhendo assinaturas para apresentar proposta de emenda a constituição limitando a reeleição de Senador a dois mandatos. A senadora afirma que as reeleições privilegiam quem está no cargo, pela possibilidade do uso da máquina em benefício próprio: "Quem vai para uma reeleição no Senado usa a TV Senado, usa a Rádio Senado, usa a assessoria, usa o gabinete, usa estrutura e cotas que tem de passagem, correio e demais recursos de mandato".
Gleisi Hoffman afirma ter ouvido diversas opiniões de senadores favoráveis à reeleição. Segundo a senadora, os favoráveis defendem que a instituição da reeleição ainda é jovem na democracia e merece uma análise. Baseada em opiniões diversas, a Senadora adota um discurso brando: "Vamos dar um prazo para realmente descobrir se ele (o instituto da reeleição) é perverso ou não", mas reforça a importância de um autocontrole da legislação no senado: "Vamos legislar para nós mesmos. Caso contrário não temos autenticidade. Dizemos aos outros o que fazer e não regulamos o que estamos fazendo".
Atualmente cada mandato de senador dura oito anos. A PEC da Senadora Gleisi Hoffman (PT/PR) limita os mandatos de senadores ao máximo de 16 anos. Gleisi Hoffman disse também que uma atitude correta, caso o senador esteja disposto a reeleição, seria sair do cargo seis meses antes das eleições para se candidatar sem privilégios. (Gustavo Serrate - Portal do PT)
TVPT - Clique aqui ou no player abaixo para assistir a entrevista com Gleisi Hoffman.
Gleisi Hoffman afirma ter ouvido diversas opiniões de senadores favoráveis à reeleição. Segundo a senadora, os favoráveis defendem que a instituição da reeleição ainda é jovem na democracia e merece uma análise. Baseada em opiniões diversas, a Senadora adota um discurso brando: "Vamos dar um prazo para realmente descobrir se ele (o instituto da reeleição) é perverso ou não", mas reforça a importância de um autocontrole da legislação no senado: "Vamos legislar para nós mesmos. Caso contrário não temos autenticidade. Dizemos aos outros o que fazer e não regulamos o que estamos fazendo".
Atualmente cada mandato de senador dura oito anos. A PEC da Senadora Gleisi Hoffman (PT/PR) limita os mandatos de senadores ao máximo de 16 anos. Gleisi Hoffman disse também que uma atitude correta, caso o senador esteja disposto a reeleição, seria sair do cargo seis meses antes das eleições para se candidatar sem privilégios. (Gustavo Serrate - Portal do PT)
TVPT - Clique aqui ou no player abaixo para assistir a entrevista com Gleisi Hoffman.
Nota sobre a intervenção militar estrangeira na Líbia
O Partido dos Trabalhadores manifesta seu repúdio e condenação aos ataques militares estrangeiros que estão sendo perpretados contra o território líbio, considerando-os uma verdadeira afronta aos princípios da soberania nacional e da autodeterminação dos povos.
Tais ataques, supostamente respaldados pela resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU -- que não contou com o apoio do Brasil --, só poderão resultar em mais perdas de vidas e mais destruição naquele Estado.
A garantia dos Direitos Humanos é fundamental, mas não pode servir de pretexto para o uso da força militar e para ações intervencionistas, que tendem a tornar ainda mais penosas as condições de vida das populações locais.
O PT soma-se assim aos que exigem a interrupção imediata da intervenção armada na Líbia, e reitera seu apoio às iniciativas que visam construir uma saída política pacífica e negociada para o conflito ali instalado.
O PT expressa ainda sua solidariedade ao povo líbio, convicto de que somente a ele deve caber o direito de decidir autonomamente sobre o futuro político daquele país.
Rui Falcão
Presidente Nacional (em exercício) do PT
Lélia Abramo, atriz do povo
Delúbio Soares (*)
“Todo artista tem de ir aonde o povo está”
(Milton Nascimento)
Lélia Abramo, uma das mais admiráveis atrizes brasileiras
de todos os tempos, faria 100 anos em 8 de fevereiro. Deixou-nos em abril de 2004, depois de uma existência profícua vivida
intensamente, com profundo amor aos semelhantes e crença
inabalável em um mundo melhor e uma sociedade mais justa,
solidária e feliz. Filha de imigrantes italianos, Lélia nasceu em São
Paulo e foi viver na Itália entre 1938 e 1950. Lá conheceu de perto
os horrores do fascismo e a miséria da guerra. Irmã de dois de
nossos maiores jornalistas, Cláudio (o maior de sua geração) e
Perseu (meu companheiro petista), e de Livio, renomado artista plástico, desde muito cedo ela respirou arte e política, colocando a vida a serviço de suas idéias generosas.
Cumprindo a sina e o destino das grandes mulheres, Lélia Abramo foi muito mais do que dela se poderia esperar. Ao Invés de ter-se acomodado no alto de sua fama, no inegável prestígio angariado ao lado de uma carreira irretocável construída graças ao imenso talento cênico aliado a um caráter admirável, ela foi uma guerreira das melhores causas do povo brasileiro. Gritou quando muitos se calaram. Lutou pela liberdade de expressão nos tempos do obscurantismo e da ditadura. Não se acovardou, não temeu, com a mesma garra com que iluminava os palcos desfilou em passeatas estudantis, lutou pelas diretas, foi companheira solidária e destemida dos que sofriam a opressão do regime totalitário. Que mulher admirável!
Lélia havia comandado a primeira chapa de oposição sindical após o golpe militar de 1964 no sindicato de sua categoria em São Paulo. De forma surpreendente, diante da incredulidade geral, a grande atriz assume a presidência de sua entidade de classe, promove profundas mudanças, enfrenta os patrões e denuncia abusos. Mas paga um preço altíssimo: é ignorada por algumas das principais redes de TV durante muitos anos. Foi uma luta de titãs: de um lado os grandes empresários da comunicação, de outro, uma mulher só. Para Lélia isso não era quase nada. Ou nada, mesmo. Quanto mais dura a parada, mais forte ela se tornava. Minha saudosa companheira era um admirável exército de uma mulher só.
Conheci Lélia em fins dos anos 70, quando juntos participamos da fundação do Partido dos Trabalhadores. Chegado de Goiás, professor da rede pública de ensino e dirigente sindical, olhava admirado para aquela figura de mulher carismática e ao mesmo tempo de impressionante simplicidade. Só a conhecia das telas das TVs, em um sem número de papéis, sempre de destaque, quase sempre dramáticos, encarnando mulheres do povo, mães de família, pessoas comuns e sofridas. E pessoalmente a grande atriz não era muito diferente disso: simples, afável, disponível para o trabalho, absolutamente despojada de qualquer ambição política ou vaidade pessoal.
Já lá se vão mais de três décadas e parece que foi ontem. As imagens continuam vivas e me recordo de Lélia ao lado de Sérgio Buarque de Hollanda e de Mário Pedrosa, entre tantos outros artistas e intelectuais, participando da fundação do PT. Orgulho-me de tê-los conhecido e com eles fundado um partido que mudaria a história do Brasil para melhor.
Ao comemorar seu centenário, com certeza a justa homenagem que podemos prestar à grande artista e corajosa militante das causas populares é recordar seu exemplo luminoso. Colocou seu talento a serviço de ideais generosos, como o genial Picasso nas artes plásticas, exilado na França e combatendo o regime criminoso do ditador Franco em sua Espanha natal. Como Charles Chaplin, o gênio que levou Hitler ao escárnio com sua inigualável sátira do líder nazista em “O Grande Ditador” e depois seria perseguido pelo macarthismo nos anos 50, saindo dos EUA e indo viver na Suiça. Como Mercedes Sosa, a fabulosa artista argentina que usou de seu imenso prestígio internacional para denunciar o regime militar que praticava verdadeiro genocídio em seu país. Como Melina Mercouri, a grande atriz de “Zorba, o grego”, inimiga visceral da ditadura dos coronéis na Grécia e depois brilhante Ministra da Cultura de seu país. Como Vanessa Redgrave, artista célebre que brilhou no cinema e foi tão premiada por suas atuações quanto presente nas lutas sociais dos trabalhadores britânicos. Mas Lélia foi, também, pessoas anônimas, visionárias, guerreiras, empreendedoras, inconformadas, dessas que giram a roda da vida e fazem a história acontecer.
Sem ser uma líder feminista, ela abriu caminho para as mulheres num tempo de imenso preconceito e discriminação machista. Firmou-se pelo talento, impôs-se pela competência, venceu pelo trabalho. Hoje, depois que o partido que ela ajudou a fundar e construir chegou ao poder em 2003 e mudou profundamente as estruturas sociais e econômicas do país, quase 11 milhões de mulheres brasileiras decretaram sua independência econômica e partiram para um empreendimento, seja ele um salão de cabeleireiros ou uma empresa financeira, esteja num bairro da periferia de Goiânia ou na Avenida Paulista. Praticamente metade dos estudantes que chegam às universidades através dos programas iniciados no governo do presidente Lula e continuados no da presidenta Dilma, notadamente o Pro-Uni, são jovens brasileiras, que, no geral, apresentam médias de aprovação altíssimas em todas as faculdades cursadas. Quando Lélia brilhava nos palcos, gritava nas passeatas ou prestava depoimento nos calabouços da ditadura, o Brasil não tinha nenhum ministério ocupado por uma mulher. Hoje, governado pelo partido fundado por Lélia Abramo, nove são as ministras escolhidas por uma presidenta.
O Brasil de hoje, democrático, mais justo e que avança a largos passos para um lugar privilegiado entre as Nações mais desenvolvidas, é fruto da dedicação, da crença e do idealismo de mulheres e de homens que se doaram ao longo de décadas à luta para que pudéssemos chegar até aqui. Lélia Abramo, atriz do povo, brilhou nos palcos e na vida, hoje brilha na história.
(*) Delúbio Soares é professor
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