quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Líbia pós-Gaddafi: “colônia disfarçada”

Por Juliana Sada, no blog Escrevinhador:
Com o fim do regime de Gaddafi e às vésperas de uma reunião de líderes mundiais para debater a reconstrução da Líbia, o futuro do país começa a se desenhar. Apesar das dificuldades em desenhar o que virá, o cientista político e diretor do Instituto de Cultura Árabe, José Farhat, aponta algumas certezas: “a tal ‘democracia’ e o ‘futuro’ estão sendo desenhados lá fora e impostos ao povo líbio”.
Para Farhat, ação da OTAN na Líbia é um recado aos povos árabes: “quem não ler pela cartilha terá as forças da OTAN contra ele”. Sobre o interesse das potências no petróleo líbio, Farhat afirma que “a rapina do século está em curso”. Confira a seguir, a íntegra da entrevista ao Escrevinhador.

O próximo governo líbio está em vias de formação, quem deve assumir o poder?

Bem que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) gostaria de assumir diretamente o poder e dirigir sem interferências e intermediações o controle completo do abundante petróleo líbio e dos investimentos bilionários líbios nos quatro cantos do mundo, quase todos já congelados; mas seria vergonhoso demais, até mesmo para esta organização.

Então, a saída seria arranjar uma figura igual ao Hâmid Karzai do Afeganistão para não mandar além da porta de seu palácio, mas também é difícil por falta de uma figura líbia idêntica ao persa e pachto que se fantasia de afegão.

Daí só resta uma junta que a OTAN mal consegue manter unida que é o Conselho Nacional de Transição (CNT). Com o CNT sob mando das Nações Unidas (ONU), inspiração dos Estados Unidos e membros principais da OTAN, a Líbia volta a ser uma colônia disfarçada.

Há na Líbia grupos organizados politicamente? Grupos que sejam capazes de formar partidos e disputar o governo?

Tempos atrás fui perguntado para onde iria a Primavera Árabe depois de Tunísia e Egito. Respondi, percorrendo um longo caminho através dos restantes vinte países árabes, e ao me deparar com Líbia e Arábia Saudita afirmei que nestes dois países seria muito difícil haver um levante popular porque tinham características comuns consubstanciadas por: grande riqueza, população reduzida e enorme capacidade governamental de corromper os mais velhos, seguidos pelos mais jovens. Havia um dado não levado em consideração: a ganância otaniana pelo petróleo e pelos investimentos líbios.

No entanto, Muammar Kaddafi nem querer justificou a minha tese, pois não há na Líbia qualquer organização partidária ou religiosa ou de qualquer outra natureza que ele não tenha eliminado e cortado pela raiz em seus quarenta e poucos anos de domínio abusivo. Até mesmo o regime tribal que domina a sociedade líbia foi isolado e neste caso ele teve como mestre Saddam Hussein no Iraque; o que não aconteceu no Afeganistão, dada a ausência de um mínimo de influência real de Karzai.

Por tudo isso, não há no curto prazo a possibilidade de formação de agremiações capazes de disputar o governo. Só há uma certeza, a ONU está traçando o futuro da Líbia, inclusive a respeito de formação de partidos.

Nem a ONU ou a OTAN estarão preocupadas em perguntar ao povo líbio o que quer, enquanto avançam com o seu projeto de democracia semelhante àquele que George W. Bush desenhou para o Iraque e está dando no que tem dado.

Muitos analistas afirmam que a participação popular nas lutas contra Gaddafi é pequeníssima. Quem são os “rebeldes” que lutam contra Gaddafi? Há algum traço em comum entre os diferentes grupos? Por que lutam contra Gaddafi?

A participação popular nas lutas contra Kaddafi não é pequeníssima, ela é inexistente. As caras semelhantes à de líbios que se vê repetidas na televisão nada mais são que mercenários egípcios contratados no mercado de locação de forças armadas em Londres, para fingir que os líbios estão lutando contra o regime. Para a luta propriamente dita a OTAN, com a longa duração da luta para derrubar Kaddafi, contrariando o mandato da ONU, acabou contratando mercenários colombianos. Como também não surtiu efeito, forças da própria OTAN entraram nas batalhas finais também por terra.

O traço comum entre os “rebeldes” é que são mercenários estrangeiros e lutam contra Kaddafi como lutou a Blackwater no Iraque, para fazer o “serviço sujo” para a Coalizão ou OTAN, tanto faz. A luta contra Kaddafi, sublinhe-se mais uma vez, é porque ele, a exemplo de Saddam Hussein, ousou querer mudar as políticas para petróleo e investimento.

Que mudanças ele fez? E quem saiu perdendo com elas?

Foi reafirmado o caráter estatal e nacional do petróleo e exigido o pagamento numa cesta de moedas que não sujeitasse o país à dependência do dólar ou euro. Para salvaguardar os investimentos externos, Kaddafi também iniciou uma ação seletiva de onde aplicar, remanejar as aplicações em moedas e países de duvidosos o que foi considerado um perigo no atual ambiente internacional de crise atual. Estas mudanças seriam uma pá de cal para as pretensões das multinacionais do petróleo e dos países dependentes do petróleo líbio e retirar aplicações de certos países para aplicá-los em outros prejudicaria certamente os países receptores dos bilionários investimentos líbios.

E o Conselho Nacional de Transição? O que se pode esperar dele quando possui figuras tão diferentes como o ex-ministro de Justiça de Gaddafi e o filho do último rei da Líbia, derrubado por Gaddafi?

O saco de gatos que é o CNT foi formado exatamente igual àquele que ser formou no exterior às vésperas do ataque e ocupação do Iraque e certamente terá no futuro o mesmo destino dos participantes iraquianos: nenhum deles está hoje no poder, nenhum tinha qualquer base popular dentro do Iraque, como os membros da CNT na Líbia. A OTAN – e os Estados Unidos, para maior precisão – tem uma tremenda falta de capacidade de arranjar parcerias e os exemplos são inúmeros e em todas as guerras que causaram, frias ou quentes.

Em recente entrevista, o senhor disse que demoraria cerca de cinquenta anos para a democracia se consolidar no país. Que tipo de governo haverá neste intervalo? Quais tarefas devem ser feitas para se alcançar um regime democrático?

Na Tunísia e no Egito ocorreram movimentos populares, desarmado e com uma ideia na cabeça, o povo foi às praças e de lá tem exercido seu poder sobre os governos provisórios. Na Líbia, ao contrário, a tal “democracia” e o “futuro” estão sendo desenhados lá fora e impostos ao povo líbio. Os regimes provisórios que se sucederão na Líbia, e muitos haverá, irão acumular erros que levarão o povo líbio a criar a sua Praça Tahrir e, de lá, dizer o que quer e como quer.

Um dos erros não está somente na falta de consulta ao povo e sim a todas as tribos líbias, além das reivindicações particulares das três províncias líbias: Tripolitânia, Cirenaica e Fezzan. A diferença entre estas – acentuadas durante as várias ocupações coloniais, não somente do ponto de vista tribal e social, como também econômico – talvez indique um caminho para a organização da futura Líbia: uma Federação, com representação justa de todas as províncias, uma divisão geográfica que de certa forma corresponde às ocupações tribais, podem garantir uma coesão social na futura Líbia.

Está marcada para esta semana uma reunião entre o CNT, a ONU e alguns países para discutir a “reconstrução” da Líbia. O que está em jogo nessa reconstrução?

Esta reunião é igual a um convite para jantar: o receituário já estava escrito, os pratos preparados e servidos e aos convidados só restava comer. Al Jazeera publicou um documento que vazou detalhando os preparativos para o papel da ONU na Líbia pós-Kaddafi visando, entre outros inúmeros detalhes, como o país será controlado, inclusive com militares espalhados por todo o território líbio (os militares, diz o documento, serão desarmados, mas não escapa a ninguém que as armas estão ao alcance das mãos).

O documento que o CNT terá que engolir, ou não receberá o adiantamento que reivindica, tem 10 páginas e foi elaborado por um time especial da ONU chefiado por Ian Martin, o antigo dirigente da Amnesty International. O documento não menciona o controle do petróleo e nem tampouco dos investimentos líbios, mas isto não precisa publicar, o CNT receberá instruções globais. Lembremos que os países interessados estarão presentes à reunião.

Qual a importância econômica e política da Líbia para os países membros da OTAN?

Interessa sobremaneira à OTAN que os demais países árabes, principalmente a Síria (com a tentativa de derrubada do seu governo apadrinhado indiretamente por Estados Unidos e Israel), o Egito (que está ensaiando dar a Israel o verdadeiro tratamento que merece) e o Iraque (que começa a cobrar o cumprimento do acordo de desocupação e já entrou em rota de coalizão com os Estados Unidos que ensaiam não cumprir com o acordado) ouçam claramente o recado: quem não ler pela cartilha terá as forças da OTAN contra ele.

Dominar a Líbia é um exemplo e uma advertência para quem ousar continuar com a Primavera Árabe verão adentro. Do ponto de vista político é muito mais importante o exemplo aos demais árabes que a questão política propriamente líbia.

Já do ponto de vista econômico é claro que a rapina do século está em curso, são os países consumidores do petróleo líbio que mandarão no petróleo e são os recebedores dos investimentos líbios, atualmente congelados, que darão destino aos investimentos. Vão até fazer a Líbia pagar por sua libertação, como fizeram no Iraque.

Há alguma certeza no incerto futuro da Líbia?

Espero que minha previsão de cinquenta anos, mencionada acima, esteja equivocada e que a Líbia se torne um país livre, independente e democrático, de fato, em muito menos tempo, esta é a esperança.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

INSTITUCIONAL - Rui Falcão reafirma unidade do PT em Minas e apoia o lançamento do movimento Minas Sem Censura


O presidente do PT Nacional, Rui Falcão, em visita à Belo Horizonte reafirmou a unidade do PT em torno das eleições do ano que vem.

“Aqui é última capital que eu visito antes do Congresso Nacional do PT no qual vamos discutir a conjuntura nacional e apresentar as propostas do PT para a sociedade no próximo período. E quero dizer que a Direção Nacional quer traçar junto com vocês as prioridades para o estado e o clima é de muito otimismo”, assegurou. Falcão esteve em Minas nesta segunda-feira (29).
Falcão afirmou que o PT estará unido para disputar nas cidades mineiras em 2012. “Queremos manter o que as cidades que governamos; reconquistar as que já tivemos; conquistar cidades estratégicas e ampliar também as bancadas de vereadores e vereadoras”. O deputado também exaltou a popularidade do PT. “A última pesquisa que fizemos apontou 32% de preferência nacional, chegando a 40% no nordeste. E a pesquisa também mostra que os políticos mais honestos segundo os entrevistados são do PT e, além disso, que 79% aprovam o nosso esforço para fazer a reforma política no país”, disse.
O presidente do PTMG, deputado federal Reginaldo Lopes, fez uma avaliação do cenário político com vistas às eleições de 2012 e também de 2014. O dirigente petista destacou que o partido tem hoje 105 prefeituras e que ampla maioria é de primeiro mandato. “O cenário de primeiro mandato é um pouco diferente de quem está no segundo, porque o primeiro pegou a crise financeira mundial que estagnou o crescimento das receitas e só está sendo retomado agora”.
Segundo o deputado, a sigla considera que 200 cidades mineiras que se enquadram nos critérios de prefeitos que podem ser reeleger e onde o partido já governou e quer retomar são prioritárias nas eleições de 2012. De acordo com o parlamentar, o Governo de Minas não é republicano como o Governo Federal. “O Governo Federal fez recomposição de FPM criando o 13º para todas as prefeituras. Já o governador Anastasia fez reposição do ICMS só para a base que o apoiou”
Para o presidente do PTMG é importante que a direção nacional do partido tenha uma compreensão mais clara de quem é o nosso adversário não só no Estado, mas também nacionalmente. “Antes a disputa girava em torno de São Paulo, mas agora que isolaram o José Serra dentro do PSDB escolheram o Aécio Neves para ser líder da oposição”

No fim da tarde Falcão gravou na TV Assembleia para o programa Mundo Político e concedeu entrevista à imprensa na qual pontuou que o PT não fará aliança com PSDB, PPS e DEM em nenhum município. “O PT é um partido plural e constitui um governo republicano. Nós discutiremos alianças com os partidos que compõe a base do governo Dilma e durante o Congresso lançaremos uma tática eleitoral para dialogar amplamente em cada Estado a unidade do PT”.
Estiveram presentes no encontro com Falcão, as prefeitas de Contagem e Betim, Marília Campos e Maria do Carmo Lara, o vice-prefeito de Belo Horizonte Roberto Carvalho, deputados estaduais e federais do PTMG e membros da Executiva Estadual.
Durante a coletiva alguns dirigentes estaduais do PT, PMDB e PCdoB reafirmaram o compromisso de criação de um movimento social referenciado na experiência do Bloco Minas Sem Censura. E o presidente Falcão manifestou o apoio do Diretório Nacional do PT à iniciativa. Perguntado sobre eventuais alianças do PT, nas eleições de 2012, com o PSDB, o presidente foi taxativo: “Estão descartadas alianças com o PSDB, DEM e PPS” nas próximas eleições. Posição esta confirmada por Reginaldo Lopes, presidente estadual da sigla, e Roberto Carvalho, vice prefeito e presidente municipal do PT-BH.
O lançamento, em ato público, do movimento Minas Sem Censura será em Ouro Preto, em data a ser agendada com o prefeito Ângelo Oswaldo, e contará com a presença dos movimentos sociais e sindicais mais atuantes do estado, que já manifestaram interesse de fortalecer a iniciativa. Além das lideranças dos partidos que já o integram.
Na opinião do líder do PT na Assembleia, deputado Rogério Correia, a evolução do Minas Sem Censura para a condição de “movimento social”, na presença dos presidentes nacional, estadual e municipal de BH, do PT, confirma o acerto das premissas que levaram à criação do bloco Minas Sem Censura.
(Fonte PT-MG)

PMDB teme perda de espaço para o PT nas eleições de 2012


Oito meses de administração Dilma Rousseff depois, o PMDB concluiu que o sonho da Vice-Presidência – um passaporte para ingressar no futuro governo maior do que saíra da Era Lula e disputar de igual para igual com o PT – virou pesadelo. Além de perder espaço no ministério, o partido luta para não ser subjugado por petistas no Congresso e nas urnas de 2012, assombrado com a perspectiva de encolher nas eleições municipais.

Os peemedebistas comandam hoje apenas cinco ministérios, enquanto o PT acumulou mais poder com 17 ministros e pastas de alta relevância política, como Saúde e Comunicações – antes na cota do PMDB.
“Mas não adianta chorar o leite derramado. O partido virou esta página”, conforma-se o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), argumentando que o relacionamento com a presidente Dilma Rousseff tem melhorado.

Líderes do partido sofrem com rebeliões internas

Primeiro foi o PT, que já deu a largada no governo Dilma Rousseff engalfinhando-se em torno da presidência da Câmara. Divergências no PV levaram à desfiliação de Marina Silva. Na semana passada, antes de as rebeliões internas no PR e no PP terminarem, foi a vez do líder Henrique Eduardo Alves (RN) experimentar a revolta da bancada do PMDB. A “faxina” do Planalto nos ministérios criou um ambiente mais propício ao surgimento de “interlocutores paralelos” às lideranças institucionais. Os rebeldes da base querem estabelecer uma linha direta com o governo. No geral, a movimentação deles agrada ao Planalto, mas incomoda os líderes.

Estadão

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

WikiLeaks: Revista Veja mentiu para ligar PT com as FARC e prejudicar Lula

Veja fabricou proximidade entre o PT e as FARC por objetivos políticos

Um lixo de revista, uma porcaria a serviço da direita suja, tacanha e rasteira

No dia 16 de março de 2005, a revista semanal Veja publicou a matéria "Os Tentáculos das FARC no Brasil" (foto), em que detalhava uma possível relação entre membros do PT (Partido dos Trabalhadores) com a guerrilha colombiana. O caso, porém, foi relatado pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília como um exagero, além de uma tentativa de "manobra política". Odocumento da embaixada com o relato foi divulgado pelo Wikileaks.

Segundo a matéria, candidatos petistas teriam recebido 5 milhões de dólares da guerrilha durante uma reunião no ano de 2002, em uma fazenda próxima a Brasília. Na ocasião, membros do PT teriam se encontrado com o representante da organização colombiana no país, Francisco Antonio Cadenas, e acertado os detalhes. O objetivo seria financiar a campanha de reeleição do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

O partido, porém, negou as acusações e a Veja não conseguiu provas documentais sobre a transferência de dinheiro.

Para embaixada norte-americana, a revista "exagerou o real nível das relações entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o PT", segundo o documento datado de março de 2005. Isso porque, após as acusações, membros da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em Brasília, que de acordo com a revista, estavam infiltrados no encontro, não obtiveram provas concretas sobre o recebimento de dinheiro.

Citado pela embaixada norte-americana, o general Jorge Armando Felix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Abin e que acompanhou a investigação, afirmou que os documentos internos da agência citados pela Veja como provas foram "forjados", já que não estavam nas formatações da agência.

"O que foi publicado é uma mistura de meias verdades e meias mentiras. Nós não temos qualquer documento oficial que prove que o encontro ocorreu", afirmou o delegado e chefe da Abin, Mauro Marcelo, também citado no despacho.
divulgação do possível financiamento. "A história mais parece uma manobra política. O que é incontestável é que os membros do PT e representantes das FARC estiveram juntos em um encontro, mas não há provas de colaboração financeira", disse.

Para ele, o que deveria ser uma denúncia importante tornou-se uma ferramenta arquitetada pela Veja para minar a candidatura de Lula ao segundo mandato. "Enquanto os opositores e a outros veículos de comunicação estão notavelmente desinteressados em prosseguir com as acusações e investigações, parece que a Veja está exagerando os fatos", conclui o embaixador.

Brasil deve revogar anistia 'escandalosa' a militares, diz ONG


A ONG Anistia Internacional se pronunciou nesta quinta-feira a favor de que o Brasil revogue a lei que impede os responsáveis por execuções e violações aos direitos humanos ocorridas durante o governo militar, entre 1964 e 1985, de serem investigados e punidos. O grupo, com sede em Londres, pediu à presidente Dilma Rousseff que retirasse a lei de 1979, que protege suspeitos de "tortura, execuções, sequestros e estupros".
"Essa lei é escandalosa, e não fazer nada em relação a isso impede que a justiça seja feita", disse Susan Lee, diretora da Anistia Internacional para as Américas. "Isso tem que ser evitado, e aqueles responsáveis por abusos não podem ficar impunes por mais tempo", acrescentou. Uma contestação judicial em relação à lei não obteve êxito em 2010, e Dilma chegou a prometer publicamente aos militares que a lei permaneceria "intocável".
A lei tem sido criticada pela Corte Europeia de Direitos Humanos e pelo Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, que determinou que tais impedimentos são incompatíveis com as obrigações em relação aos direitos humanos. "Ao defender uma lei que permite crimes como a tortura e assassinatos, o Brasil está ficando para trás em relação a outros países que têm feito sérios esforços para lidar com essas questões", disse Lee.
AFP

Cortina de fumaça na reforma política


Artur (Naza do PT), Zé Dirceu e Hermano Queiroz, em encontro do PT em 2010
 Está aberta a temporada de caça à reforma política. Surgem na grande imprensa ataques às propostas para mudar nosso sistema político-partidário e eleitoral. Como se o atual modelo, tão alvejado por esses mesmos veículos de comunicação, fosse mais desejável que as transformações até agora sugeridas. Pior: como se não debater pudesse ser o melhor caminho.

Os mais graves problemas do sistema político não serão superados sem uma reforma política. Essa não é a primeira vez que defendo a importância e necessidade da reforma. Mas o que pensam as oposições? E quanto dedica a grande imprensa ao tema? Infelizmente, têm silenciado na maioria das vezes.

Essa omissão gera um ciclo vicioso: criticam o atual modelo, apontando seus frutos podres —o maior deles, a corrupção; pouco espaço dedicam a um debate comprometido com a mudança desse modelo; e, finalmente, atacam as discussões das quais escolhem não participar, acusando-as de serem contra o interesse da sociedade. A depender da mídia e das oposições, não teremos reforma política.

O colunista Elio Gaspari, dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo, parece ter se contaminado. Não é de hoje que ele critica as propostas de reforma, o que é valoroso. O problema maior de sua coluna de 21/8, contudo, é afirmar que a reforma tramita quase em segredo. Nem o mais feroz crítico do governo concorda que a tramitação tem sido feita como preparação para “um golpe parlamentar de proporções inauditas” desde a ditadura. A reforma tem sido discutida de forma transparente e pública no Congresso Nacional. Ou seja, quem mantém a matéria quase secreta é a mídia!

Na raiz da acusação está um equívoco: a “tentativa de golpe” seria aprovar temas constitucionais via projetos de lei ordinária, para que a exigência de dois terços dos votos parlamentares se transforme em maioria simples. Equivoca-se porque a Constituição exige dois terços dos votos quando se trata de mudar o texto constitucional, casos do fim do voto obrigatório ou do voto proporcional. Mas as propostas de voto em lista ou de financiamento público de campanha são típicas matérias de legislação ordinária. Portanto, quem fixa esse rito é a Constituição.

As oposições e a grande imprensa têm sido constantemente convidadas a discutir a reforma política. Porque são saudáveis e democráticas as críticas fundamentadas, sem elas o saldo na aprovação de toda e qualquer lei é sempre menor. Mas não podemos mais protelar a reforma política e concordar com o atual sistema. E o silêncio das oposições e da mídia colabora para manter tudo como está. 

Quaisquer propostas de reforma política têm prós e contras. Compete à sociedade debater, no Congresso Nacional, os rumos dessas mudanças. A base do nosso atual sistema eleitoral é o financiamento privado de campanha —das empresas majoritariamente— e o voto uninominal. São siameses da corrupção e do abuso do poder econômico.

A saída é adotar o financiamento público de campanha e o voto proporcional misto, soluções democráticas e constitucionais para a crise de um modelo falido e único no mundo. Quem defende o atual modelo, cujos efeitos negativos já conhecemos há duas décadas? Pois os riscos da falta de debate são justamente a manutenção desse sistema.

Tenho me empenhado em debater a reforma política na defesa de um modelo que reduza o espaço para a corrupção, fortaleça as discussões programáticas e o embate de projetos no processo eleitoral e, como consequência, resulte no resgate dos partidos como sede primeira do exercício da política e espaço de diálogo democrático. Avalio que sem voto em lista partidária e financiamento público de campanha não atenderemos a esse objetivo.

Se quisermos melhorar nosso sistema político, não podemos mais nos perder em questões menores, em cortinas de fumaça que só colaboram para retardar a reforma. O caminho é um só: enfrentar as divergências, superando-as no debate quando for possível ou confrontando-as no voto no Congresso. O debate está aberto, como sempre esteve. E o país agradece.

*José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

INTERNACIONAL - Embaixador da Palestina no Brasil estará em SP na próxima segunda (29)


Coletiva à imprensa será às 17 horas, no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo


O embaixador do Estado da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, concederá entrevista coletiva à imprensa na próxima segunda-feira (29), às 17 horas, no Sindicato do Engenheiros de São Paulo.
Entre outros temas, o embaixador discorrerá sobre a inclusão do Estado da Palestina como membro pleno da ONU e a sua relevância para o fim da ocupação; a libertação dos oito mil presos políticos nos cárceres israelenses; a erradicação dos assentamentos - construídos à margem da lei internacional; a demolição do muro do apartheid - declarado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça - e o retorno dos milhares de refugiados.
Logo após a coletiva, às 19 horas, no auditório do Sindicato dos Engenheiros, lideranças partidárias e dos movimentos sindical e social realizarão o ato “Estado da Palestina, já! Justiça, paz e liberdade”.
Para a manifestação de solidariedade, que contará com a participação do embaixador palestino, estão confirmadas as presenças do presidente nacional da CUT, Artur Henrique; do presidente da CTB, Wagner Gomes; dos deputados estaduais Adriano Diogo (PT), Leci Brandão (PCdoB); Pedro Bigardi (PCdoB) e Simão Pedro (PT); do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; do vereador Elizeu Gabriel, presidente do PSB/SP, e de Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do CEBRAPAZ
(SRI/PT)

Uma nova política de uma nova geração, por Bruno Elias

É com este país em mudança que uma nova geração de jovens entra em cena

“Vocês não nos deixam sonhar. Nós não os deixaremos dormir”

O Brasil vive um momento desafiador. Ao mesmo tempo em que é palco de conquistas sociais reconhecidas pelos seus e pelo mundo, possui a maior geração de jovens de sua história: somos aproximadamente 50 milhões de brasileiros, com idade entre 15 e 29 anos.

Por muito tempo, ao se falar de juventude, era comum o recurso ao saudosismo. Em oposição aos engajados da “geração de 68”, a nova geração de jovens seria apática, despolitizada e quando muito teria tido seu último suspiro político nas mobilizações estudantis do Fora Collor. Desconstituía-se, assim, não só a memória de ações reais de toda uma década, como a própria idéia de participação, organização e ação coletiva contemporânea.

A Geração Coca-Cola, cujos heróis “morreram de overdose” e perguntou “Que país é esse?”, lutou e participou ativamente das mudanças políticas dos anos seguintes. Nas eleições, votou em sua maioria pela mudança em 2002 e por sua continuidade em 2006 e 2010. De estatística das desigualdades sociais nas décadas perdidas passaram a ser alcançados pelas políticas sociais e pelo crescimento econômico dos últimos anos.

É com este país em mudança que uma nova geração de jovens entra em cena. Contrariando o senso comum de certos formadores de opinião e meios de comunicação, a estabilidade democrática e as novas tecnologias potencializaram novas formas de participação da juventude. Conectada ao mundo a partir da internet, percebemos nas redes sociais, na ação comunitária ou nas marchas libertárias dos últimos meses, uma atuação coletiva cada vez mais diversificada.

Batalhando no trabalho e nos estudos, a atual geração de jovens é otimista em relação ao país, mas quer muito mais. Vivendo uma fase da vida em que o indivíduo processa de maneira intensa seus conflitos, decisões e sua inserção na vida social, os jovens estão cada vez mais atraídos por novas bandeiras. Tendo parte da agenda de inclusão social atendida pelos avanços dos últimos anos, ganham força as reivindicações ligadas à liberdade, autonomia e experimentação.

Parte importante desta juventude já não se enxerga no jeito “tradicional” de fazer política. Contando com poucos representantes nos espaços de poder e atenta às denúncias de corrupção, deseja mais do que ações pontuais contra malfeitos com a coisa pública. O anseio é por mudanças mais profundas, algo que um grande debate público sobre a reforma política – para além dos gabinetes dos beneficiados pelo atual modelo - poderia mobilizar.

Entre os próprios partidos políticos, são poucos os que levam o tema juventude a sério. Quando não são tratados como meros tarefeiros, a visão dominante e instrumental encara a juventude como “celeiro de quadros”, a serem formados para o futuro. A compreensão do jovem como sujeito político do presente, capaz de participar da renovação do projeto político dos partidos, permanece como um grande desafio.

Um partido como o PT, por exemplo, não entende porque tem quase 30% da preferência do eleitorado, mas perde apoio nas novas gerações. O fato é que para grande parte dos jovens, o partido já é visto como igual aos demais partidos tradicionais. A crescente institucionalização, o refluxo do debate ideológico e a ausência de discurso e diálogo com as novas redes da juventude reforçam este estigma.

Querendo ou não, os partidos políticos serão chamados a fazer esse debate nos próximos anos. Nas próximas disputas eleitorais, a mera estratégia de comparar os governos petistas com os governos tucanos, apesar de importante, não será suficiente. Aos jovens será fundamental que os partidos apresentem uma agenda de conquistas e mudanças para o futuro, já que muitos pela idade não vivenciaram com tanta nitidez o contraste entre um e outro modo de governar.

Ao ser fundado, o PT promoveu um grande encontro entre a geração de jovens que lutou contra a ditadura e a jovem classe operária presente nas mobilizações da década de 1970 e 1980. É hora do PT surpreender mais uma vez, apostando nas suas novas gerações e na afirmação de um projeto democrático e popular que ganhe corações e mentes da juventude.

Bruno Elias (@_brunoelias) é estudante de Serviço Social da Universidade de Brasília e Coordenador de Relações Internacionais da Juventude do PT

Habitações populares recebem incremento de R$ 7,4 bilhões


O programa Minha Casa, Minha Vida ganhou mais um reforço esta semana, quando o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aprovou um acréscimo de R$7,4 bilhões de reais no orçamento para habitações populares. Os financiamentos através do FGTS que era de R$ 21 bilhões agora passa a ser de R$ 28,4 bilhões. O dinheiro pode ser acessado por famílias com rendimentos de até dez salários mínimos.
O deputado federal e relator do programa Minha Casa, Minha Vida, André Vargas (PT-PR) avalia a decisão como “histórica”. “Demonstra o compromisso que tem também o Conselho Curador do FGTS, tem a presença dos empresários, do governo e dos trabalhadores, como o maior programa habitacional da história do nosso país”.

Vargas que já atuou junto a Cohab, destaca que o atual programa habitacional será fundamental para colaborar na diminuição do déficit de moradias do país. “Desde a época do BNH nunca se investiu tanto em habitação popular, pra quem mais precisa e também para as famílias da nova classe média, portanto nós estamos dando passos a mais para que o Brasil possa superar o déficit habitacional do Brasil que seria entorno de 6 a 8 milhões de moradias”.


2 milhões de moradias

Lançado pelo presidente Lula e ampliado pela presidenta Dilma, o Minha Casa, Minha Vida pretende chegar aos 2 milhões de novas residências populares em todo o país. “Estamos atentos a procurar novas fontes de financiamentos para o Minha Casa, Minha Vida, e para os programas habitacionais”, diz André Vargas.

O deputado destaca também que o Partido dos Trabalhadores tem cumprido a defesa que sempre fez pela habitação popular. “Comparando com o governo do PSDB, que é a nossa oposição, nós já multiplicamos por sete em valores reais a quantidade de recursos que eles aplicavam em habitação popular, habitação de forma geral, e aquele investiu no governo do presidente Lula e investe no governo da presidenta Dilma”.

O deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT-MS) também destaca a importância do programa Minha Casa, Minha Vida.“[O Minha Casa Minha Vida] é de fundamental importância porque nós temos um déficit de mais de seis milhões de moradias em todo o país, e este déficit atinge, principalmente, quem precisa da mão do poder público, que são aqueles que dependem do Bolsa Família, são os trabalhadores desempregados, são aqueles que efetivamente estão na base da pirâmide, portanto eu vejo esta aprovação de mais R$7,4 bilhões uma reforma muito importante”. 

(Gustavo Toncovitch – Portal do PT)

RádioPT - André Vargas fala sobre ampliação do crédito para moradias

by ptbrasil

Habitações populares recebem incremento de R$ 7,4 bilhões Relator do Minha Casa, Minha Vida, o deputado federal André Vargas, diz que o país nunca havia investido tanto em moradias O programa Minha Casa, Minha Vida ganhou mais um reforço esta semana, quando o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aprovou um acréscimo de R$7,4 bilhões de reais no orçamento para habitações populares. Os financiamentos através do FGTS que era de R$ 21 bilhões agora passa a ser de R$ 28,4 bilhões. O dinheiro pode ser acessado por famílias com rendimentos de até dez salários mínimos. O deputado federal e relator do programa Minha Casa, Minha Vida, André Vargas (PT-PR) avalia a decisão como “histórica”. “Demonstra o compromisso que tem também o Conselho Curador do FGTS, tem a presença dos empresários, do governo e dos trabalhadores, como o maior programa habitacional da história do nosso país”. Vargas que já atuou junto a Cohab, destaca que o atual programa habitacional será fundamental para colaborar na diminuição do déficit de moradias do país. “Desde a época do BNH nunca se investiu tanto em habitação popular, pra quem mais precisa e também para as famílias da nova classe média, portanto nós estamos dando passos a mais para que o Brasil possa superar o déficit habitacional do Brasil que seria entorno de 6 a 8 milhões de moradias”. 2 milhões de moradias Lançado pelo presidente Lula e ampliado pela presidenta Dilma, o Minha Casa, Minha Vida pretende chegar aos 2 milhões de novas residências populares em todo o país. “Estamos atentos a procurar novas fontes de financiamentos para o Minha Casa, Minha Vida, e para os programas habitacionais”, diz André Vargas. O deputado destaca também que o Partido dos Trabalhadores tem cumprido a defesa que sempre fez pela habitação popular. “Comparando com o governo do PSDB, que é a nossa oposição, nós já multiplicamos por sete em valores reais a quantidade de recursos que eles aplicavam em habitação popular, habitação de forma geral, e aquele investiu no governo do presidente Lula e investe no governo da presidenta Dilma”. O deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT-MS) também destaca a importância do programa Minha Casa, Minha Vida. “[O Minha Casa Minha Vida] é de fundamental importância porque nós temos um déficit de mais de seis milhões de moradias em todo o país, e este déficit atinge, principalmente, quem precisa da mão do poder público, que são aqueles que dependem do Bolsa Família, são os trabalhadores desempregados, são aqueles que efetivamente estão na base da pirâmide, portanto eu vejo esta aprovação de mais R$7,4 bilhões uma reforma muito importante”. (Gustavo Toncovitch – Portal do PT)
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O GRANDE BANCO DOS BRASILEIROS


Os homens que cultivam a terra e fazem do agronegócio uma das faces do país vitorioso do século XXI; nossos empreendedores que ousam e investem em todos os setores da economia nacional; os empresários que ultrapassam nossas fronteiras e conquistam mercados nos cinco continentes; o pequeno, médio ou grande comércio, os serviços e a indústria, além de todo aquele que acredite em nosso país e em suas potencialidades, ou, simplesmente, a cidadã ou cidadão que necessite de apoio à suas necessidades mais urgentes de financiamento básico, sabem com quem podem contar.
Há exatos 202 anos, os brasileiros têm uma das mais antigas, sólidas e competentes instituições de crédito, financiamento à produção e fomento social, de todo o mundo. O Banco do Brasil foi fundado em 1808 por iniciativa de Dom João VI, que, logo após, determinou o lançamento de uma oferta pública de ações, buscando junto aos brasileiros os recursos necessários para a capitalização daquela que viria a ser uma das maiores e mais poderosas instituições financeiras do mundo. A Bolsa de Valores, criada em 1819 e inaugurada dois anos depois, nasceu do apoio integral do BB, que financiou a construção de sua sede e iniciou uma parceria sólida e duradoura com o nascente capitalismo brasileiro, que se estende até os dias de hoje e gerou excelentes frutos para a livre iniciativa e o desenvolvimento de nosso país.
A indústria ainda incipiente, o comércio fervilhante e a forte agricultura encontraram na primeira instituição bancária oficial o apoio indispensável para que enfrentassem as turbulências políticas da primeira metade daquele século. Já no limiar da fundação de nosso maior banco, algumas características se firmaram e o distinguiriam pelos séculos adiante: uma identificação total com o Brasil e os brasileiros, absoluto conhecimento de nosso território, seus problemas e potencialidades e, também, a formação de um corpo funcional de altíssima categoria e excelente formação técnica, comprometido com a instituição, seus valores e uma visão generosa de participação efetiva na vida dos brasileiros e na alavancagem do desenvolvimento social e econômico do Brasil.
Quando, em 1822, Dom Pedro I proclama nossa independência, é o Banco do Brasil quem financia a construção de escolas e hospitais, além de equipar a frota de nossa Marinha para que enfrentasse as últimas resistências lusitanas e consolidasse a libertação da colônia explorada que se transformava em grande Nação. Logo em seguida, a mais extraordinária figura da história de nosso capitalismo, o genial Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, lança um “novo” Banco do Brasil, com impressionante aporte de recursos, em subscrição jamais vista para os padrões da época, e planta as bases para a moderna e pujante instituição que continuaria a fazer história. Por essa época institui-se a meritocracia no banco, com concursos públicos para o preenchimento de vagas, além dos planos de carreira, algo absolutamente inédito. Diante das centenas de outros bancos já existentes, o BB se destacava pela solidez, modernidade e comprometimento com o Brasil e sua gente.
Poderia enumerar diversos episódios em que a participação efetiva e determinante do BB foi fundamental e absolutamente indispensável, como no governo do presidente Getúlio Vargas, na “Marcha para o Oeste”, onde financiou a compra de milhares de hectares de terras para que fossem incorporados ao processo produtivo. Ou o papel impressionante da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial, que durante décadas foi a mola propulsora de nosso desenvolvimento, operando transformações impressionantes no cenário econômico-social, com a criação de milhões de empregos e o fortalecimento do processo produtivo em todas as suas etapas e nos mais diversos segmentos. Ou ainda o que significado da CACEX, a carteira de exportação, instrumento efetivo de apoio ao empresariado na conquista de mercados mundo afora quando isso ainda era uma epopéia e longe das facilidades dos dias de hoje, os da globalização. E mais: o Banco do Brasil teve um papel importantíssimo como fomentador de políticas de desenvolvimento, denominadas de “anticíclicas”, que foram fundamentais para que o Brasil fosse o último país a ser afetado pela crise econômica mundial de 2008. Pouco sofremos se comparados a outras economias de igual porte. Naquela ocasião o presidente Lula antecipou os acontecimentos descrevendo-os como uma “marolinha”. Choveram críticas da oposição e dos colunistas econômicos. Porém, mais uma vez a história deu razão ao Estadista. O BB atendeu de pronto o chamamento do presidente Lula, e, enquanto os bancos privados encolheram o crédito em 2008, o grande e secular banco dos brasileiros prontamente disponibilizou volumosos recursos para manter o ritmo de crescimento econômico do Brasil. O tsunami que arrasou as economias norte-americana e européia foi mesmo uma marolinha no Brasil, e o BB teve grande responsabilidade nesse excelente resultado…

Agora, novamente, o mundo está às portas de um período de recessão. Empurrado pela crise da brutal dívida dos EUA e a crise na Zona do Euro, vislumbramos tempos difíceis. Assim como em 2008, o Banco do Brasil irá ter papel ímpar para blindar a economia brasileira, fortalecendo nosso mercado interno, através da experiência adquirida em fomentar nossas empresas, acreditar em nossos empreendedores, apoiar nossos cidadãos.
Este papel tende a se fortalecer e multiplicar com a recente aquisição do Banco Postal, que a partir de janeiro de 2012 coloca o Banco do Brasil em todas as cidades brasileiras atuando em conjunto com a Empresa Brasileira de Correios e Telegrafo (ECT). Ou seja, o BB adquire mais capilaridade para agir tanto no micro-crédito, quanto como agente bancário e proporcionar a inclusão ao sistema financeiro nacional de milhões de pequenos correntistas, pequenos poupadores, micro e pequenos empresários e os que labutam na economia informal.
O Banco do Brasil completou 90 anos de atuação no meu Estado de Goiás. Os números são impressionantes! Mais de R$ 5 bilhões contratados em carteira, agregando imenso valor para a economia do Estado. Mais de 96 mil empregos diretos e indiretos gerados. Um total de 17.649 contratos dos 35.550 celebrados nos Estados do Centro-Oeste, totalizando 49,65% do volume de investimentos. Baixíssima inadimplência: 1,25% nos contratos do FCO, contra 4,33% (DF), 2,09% (MS), 3,78% (MT).
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável Regional (DRS), implementado pelo BB em Goiás, garante práticas sustentáveis e de grande responsabilidade social. São 141 projetos em meu Estado, totalizando R$ 385 milhões já investidos e que beneficiam 38 mil famílias. Destaque para a da lucrativa cultura do açafrão no Município de Mara Rosa, na região norte, onde centenas de famílias estão envolvidas neste vitorioso experimento produtivo que transformou a cidade na Capital do Açafrão na América Latina.
Na Agricultura Familiar, o BB disponibilizou R$ 830 milhões no Estado, com 50 mil famílias beneficiadas. A Fundação BB investiu R$ 40 milhões na construção de 70 Telecentros, levando a inclusão digital para centenas de milhares de crianças e adultos, sendo que outros 130 estão em fase de instalação. O Projeto “AABB Comunidade” proporciona lazer, esporte e educação em música, artes plásticas e cênicas a mais de 3 mil crianças goianas, descobrindo talentos e incentivando vocações artísticas de nossa gente mais simples.
Os números do Banco do Brasil em Goiás são impressionantes: 1,16 milhões de correntistas; 70 mil contas empresariais; carteira agrícola com R$ 7 bilhões exclusivamente destinados ao investimento na produção goiana; 2 mil funcionários; 418 pontos de atendimento; presença em 141 Municípios e caminhando para atendimento nos 246 restantes, através da parceria com os Correios no Banco Postal.
Houve um tempo em que se privatizou a preço de banana o patrimônio público. Algumas das melhores e maiores empresas nacionais, que custaram muito aos brasileiros, foram doadas por menos dinheiro do que havia no próprio caixa. Impossível esquecê-lo. Mas nem os que cometeram tal desatino, ousaram tocar num patrimônio histórico, secular e que orgulha os brasileiros. Mais que uma instituição financeira, o Banco do Brasil é um dos sinônimos de competência, trabalho e grandeza do povo brasileiro.
(*) Delúbio Soares é professor