Parte teria vindo para o Brasil, num caso em que a Justiça suíça já informou ao Ministério Público. As suspeitas são de que a rota do pagamento de propinas passava por Paris, Londres e chegava a funcionários públicos brasileiros, entre outros. Em São Paulo, a suspeita está relacionada com os contratos do Metrô.
Na França e na Suíça, a Alstom é suspeita de ter distribuído milhões de dólares entre 1995 e 2003 para garantir contratos no Brasil . Venezuela, Indonésia e outros mercados emergentes também receberam propinas. No Reino Unido a suspeita é de que o pagamento de propinas continuou em todo o mundo após 2004 e mesmo até 2010.
Para o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) estranhou que, até agora, os únicos punidos são os usuários do metrô de São Paulo. "É preciso mudar a sistemática e castigar severamente quem recebe propinas, retendo seus bens; no caso de funcionário público, deve ser desligado do serviço público", disse o parlamentar. Devanir aproveitou para dar uma estocada nos Tribunais de Contas dos Estados e da União. " Esse tribunais , em vez de parar as obras e os serviços prestados à população, deixando o cidadão largado à própria sorte, deviam se concentrar na punição aos agentes que receberam subornos".
Os envolvidos seriam Stephen Burgin, presidente da unidade inglesa da Alstom, e Robert Purcell, diretor financeiro. Ambos haviam sido detidos em 2010 para questionamento e a Alstom optou por lançar um processo questionando a atitude dos britânicos. Agora, a documentação dos britânicos alega que eles fariam parte de uma célula que organizava o pagamento da propina. Eles teriam pago propinas a funcionários públicos estrangeiros como forma de garantir contratos públicos.
Rotas - A Justiça suíça confirmou ao Estado que manteve reuniões com a Justiça brasileira em relação ao caso e que já havia informado que uma das rotas da propina passava pelo Reino Unido. A suspeita é de que o dinheiro sairia da matriz em Paris, seguiria para o escritórios na cidade de Rubgy e de lá aos brasileiros.
Segundo as conclusões do Escritório contra Fraude no Reino Unido, o pagamento estaria disfarçado de pagamentos de consultorias. De acordo com o documento, o pagamento era uma "estratégia global" da empresa.
Na Suíça, contas em nome de 19 pessoas físicas e jurídicas brasileiras estão bloqueadas. Suspeita-se que o dinheiro seria fruto de pagamentos de propinas da Alstom para garantir contratos públicos.
Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e chefe da Casa Civil do governador Mário Covas entre 1995 e 1997, também está sendo investigado, mas não se manifesta sobre o caso, que corre em segredo de Justiça.
Para lembrar - Em 2008, o Wall Street Journal revelou que a Alstom estava sendo investigada por pagar propina a funcionários públicos no Brasil. Segundo o Ministério Público suíço, políticos brasileiros favoreceram a empresa em licitação do Metrô de São Paulo. A Suíça bloqueou uma suposta conta do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Robson Marinho. Ele teria recebido US$ 1 milhão da Alstom. Em dezembro do ano passado, a Justiça quebrou os sigilos fiscal e bancário de Marinho. As investigações continuam.
Salis Chagas, estagiário, com informações do jornal O Estado de São Paulo
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