Saída de Kassab, Afif e Cláudio Lembo estraçalha o DEM em SP
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), líder do DEM na Câmara Federal, propõe uma intervenção do comando nacional de seu partido no diretório de São Paulo. Tudo para varrer a influência deixada na legenda pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab — que saiu da legenda para criar o PSD (Partido Social Democrático). ACM Neto também anuncia que os “demos” passarão a fazer oposição a Kassab e denunciar os desmandos de sua gestão.
Por André Cintra
Pode até ser que o neto do finado cacique baiano Antonio Carlos Magalhães consiga tudo isso que diz pretender — mas é tarde demais. O DEM, seja na base aliada ou na oposição ao prefeito, é um partido estraçalhado e praticamente morto no maior colégio eleitoral do Brasil. De mais a mais, suas preocupações tampouco se resumem a São Paulo.
A esta altura, a conclusão mais elementar dos fatos é que a nova cúpula nacional dos “demos”, eleita na terça-feira (14) e presidida pelo senador José Agripino Maia (RN), subestimou Kassab. Várias lideranças do partido procuraram palanques e microfones, nos últimos dias, a alardear que as adesões à iniciativa do PSD perdiam força gradualmente.
Foi um erro de avaliação inacreditável para um partido repleto de caciques e raposas, todos com várias décadas de atuação política. O ato de anúncio do PSD, nesta segunda-feira (21), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), fez Agripino e cia. voltarem à realidade. Se quiser sobreviver, o DEM precisará ir além das bravatas.
Só em São Paulo, é possível que o novo partido arregimente de oito a 12 deputados federais, até mesmo de outros partidos, como os já “peessedistas” Rita Passos (PV) e Marcelo Aguiar (PSC). Na Bahia, o vice-governador, Otto Alencar (PP), cinco deputados federais, nove estaduais e 70 prefeitos já aderiram ao PSD — que se tornou a segunda maior força local, esvaziando sobretudo o DEM e o PMDB.
Kassab ainda dá como certa a migração dos senadores Sérgio Petecão (PMN-AC) e Kátia Abreu (DEM-TO), dos deputados federais Antonia Lucia (PSC-AC), Fábio Ramalho (PV-MG), Irajá Abreu (DEM-TO), Silas Câmara (PSC-AM) e mais quatro parlamentares de Goiás. Também estão na mira os governadores Omar Aziz (PMN-AM) e Raimundo Colombo (DEM-SC), além do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB-AM) e do ex-deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ) — que concorreu a vice-presidente em 2010 na chapa do tucano José Serra (SP).
No caso de São Paulo, outra prova de que Kassab agiu “para valer” é o sinal amarelo que se acendeu no diretório municipal do PSDB de São Paulo. Falava-se em negociações do prefeito com cinco vereadores do partido de menor expressão — Adolfo Quintas, Claudinho de Souza, Gilberto Natalini, Juscelino Gadelha e Ricardo Teixeira. Mas quem apareceu com destaque, no ato da Alesp, foram os tucanos José Police Neto e Floriano Pesaro — nada menos que, respectivamente, o presidente da Câmara Municipal e o líder da bancada do PSDB na Casa.
Ainda que não dê para saber a extensão definitiva do golpe a ser sofrido pelo DEM paulista, a primeira impressão é de um ataque fatal. Kassab convenceu o vice-governador, Guilherme Afif Domingos, e o ex-governador Cláudio Lembo a lhe seguirem na nova legenda. Sem eles, dificilmente o DEM encontrará, em suas fileiras atuais, lideranças com algum peso local — com capilaridade e influência políticas para reerguer o partido no estado. Eis uma agremiação repentinamente órfã de lideranças.
Apoio a Dilma
Outra razão para o triunfo de Kassab sobre os “demos” é, por assim dizer, a sintonia política com o eleitorado. Ao lançar o PSD, o prefeito reafirmou o apoio do grupo ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) — mas não titubeou ao se referir à provável relação da nova legenda com o governo Dilma.
“Somos um partido independente, o que significa apoiar ações identificadas com o nosso futuro programa. Significa nos colocarmos à disposição da presidente Dilma Rousseff para ajudá-la a ser uma boa presidente”, afirmou Kassab na Alesp.
“Essa aproximação sempre existiu — e essa é a razão da minha saída do DEM”, agregou. “Eu me sinto desconfortável num partido que quer votar sempre contra porque é contra. Acima dos partidos vêm os interesses do país. Não votei na Dilma — votei no Serra — mas torço para que ela faça um bom governo, porque isso é bom para o país.”
É um depoimento não à imprensa ou aos meios políticos — mas à opinião pública. Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (20) mostra que Dilma tem a maior aprovação de um presidente do país em começo de mandato, com índices só comparáveis aos obtidos por Luiz Inácio Lula da Silva em 2007.
Segundo o levantamento, 47% dos brasileiros consideram o governo Dilma ótimo ou bom, enquanto 34% o julgam regular. Apenas 7% consideram a atual gestão federal ruim ou péssima. A migração de Kassab vai, portanto, ao encontro de um sentimento nacional mais consolidado, o que enfraquece de vez o discurso da oposição.
“Essa movimentação de desagregação de parte importante da oposição indica a aceleração da decadência política da oligarquia e sinaliza uma movimentação com maiores desdobramentos no curso político nacional”, resumiu o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo. São Paulo pode ser, assim, o primeiro e mais vistoso capítulo da derrocada do DEM Brasil afora.
A esta altura, a conclusão mais elementar dos fatos é que a nova cúpula nacional dos “demos”, eleita na terça-feira (14) e presidida pelo senador José Agripino Maia (RN), subestimou Kassab. Várias lideranças do partido procuraram palanques e microfones, nos últimos dias, a alardear que as adesões à iniciativa do PSD perdiam força gradualmente.
Foi um erro de avaliação inacreditável para um partido repleto de caciques e raposas, todos com várias décadas de atuação política. O ato de anúncio do PSD, nesta segunda-feira (21), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), fez Agripino e cia. voltarem à realidade. Se quiser sobreviver, o DEM precisará ir além das bravatas.
Só em São Paulo, é possível que o novo partido arregimente de oito a 12 deputados federais, até mesmo de outros partidos, como os já “peessedistas” Rita Passos (PV) e Marcelo Aguiar (PSC). Na Bahia, o vice-governador, Otto Alencar (PP), cinco deputados federais, nove estaduais e 70 prefeitos já aderiram ao PSD — que se tornou a segunda maior força local, esvaziando sobretudo o DEM e o PMDB.
Kassab ainda dá como certa a migração dos senadores Sérgio Petecão (PMN-AC) e Kátia Abreu (DEM-TO), dos deputados federais Antonia Lucia (PSC-AC), Fábio Ramalho (PV-MG), Irajá Abreu (DEM-TO), Silas Câmara (PSC-AM) e mais quatro parlamentares de Goiás. Também estão na mira os governadores Omar Aziz (PMN-AM) e Raimundo Colombo (DEM-SC), além do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB-AM) e do ex-deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ) — que concorreu a vice-presidente em 2010 na chapa do tucano José Serra (SP).
No caso de São Paulo, outra prova de que Kassab agiu “para valer” é o sinal amarelo que se acendeu no diretório municipal do PSDB de São Paulo. Falava-se em negociações do prefeito com cinco vereadores do partido de menor expressão — Adolfo Quintas, Claudinho de Souza, Gilberto Natalini, Juscelino Gadelha e Ricardo Teixeira. Mas quem apareceu com destaque, no ato da Alesp, foram os tucanos José Police Neto e Floriano Pesaro — nada menos que, respectivamente, o presidente da Câmara Municipal e o líder da bancada do PSDB na Casa.
Ainda que não dê para saber a extensão definitiva do golpe a ser sofrido pelo DEM paulista, a primeira impressão é de um ataque fatal. Kassab convenceu o vice-governador, Guilherme Afif Domingos, e o ex-governador Cláudio Lembo a lhe seguirem na nova legenda. Sem eles, dificilmente o DEM encontrará, em suas fileiras atuais, lideranças com algum peso local — com capilaridade e influência políticas para reerguer o partido no estado. Eis uma agremiação repentinamente órfã de lideranças.
Apoio a Dilma
Outra razão para o triunfo de Kassab sobre os “demos” é, por assim dizer, a sintonia política com o eleitorado. Ao lançar o PSD, o prefeito reafirmou o apoio do grupo ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) — mas não titubeou ao se referir à provável relação da nova legenda com o governo Dilma.
“Somos um partido independente, o que significa apoiar ações identificadas com o nosso futuro programa. Significa nos colocarmos à disposição da presidente Dilma Rousseff para ajudá-la a ser uma boa presidente”, afirmou Kassab na Alesp.
“Essa aproximação sempre existiu — e essa é a razão da minha saída do DEM”, agregou. “Eu me sinto desconfortável num partido que quer votar sempre contra porque é contra. Acima dos partidos vêm os interesses do país. Não votei na Dilma — votei no Serra — mas torço para que ela faça um bom governo, porque isso é bom para o país.”
É um depoimento não à imprensa ou aos meios políticos — mas à opinião pública. Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (20) mostra que Dilma tem a maior aprovação de um presidente do país em começo de mandato, com índices só comparáveis aos obtidos por Luiz Inácio Lula da Silva em 2007.
Segundo o levantamento, 47% dos brasileiros consideram o governo Dilma ótimo ou bom, enquanto 34% o julgam regular. Apenas 7% consideram a atual gestão federal ruim ou péssima. A migração de Kassab vai, portanto, ao encontro de um sentimento nacional mais consolidado, o que enfraquece de vez o discurso da oposição.
“Essa movimentação de desagregação de parte importante da oposição indica a aceleração da decadência política da oligarquia e sinaliza uma movimentação com maiores desdobramentos no curso político nacional”, resumiu o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo. São Paulo pode ser, assim, o primeiro e mais vistoso capítulo da derrocada do DEM Brasil afora.
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