quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sobre a origem e o desenvolvimento do PT - Serge Goulart

Hoje, 10 de Fevereiro, o PT completa 31 anos desde sua fundação. Mas é parte de uma luta muito mais longa da classe trabalhadora brasileira. Este artigo do companheiro Serge Goulart, do Diretório Nacional do PT, faz uma análise marxista dessa história.
O reordenamento do proletariado sobre um novo eixo

Do controle absoluto dos Partidos Comunistas e Partidos Socialistas sobre o movimento operário ou de massas em geral não sobrou muito hoje em dia. Os dirigentes destes partidos se passaram com armas e bagagens para o capital, abandonando a pretensão de alcançar o socialismo. Isso não quer dizer que eventualmente as massas ainda não tentem utilizá-los para enfrentar a burguesia. Mas, é só a compreensão desse desenvolvimento nas últimas décadas que permite entender o surgimento de novas organizações e sua trajetória, ou seja, a tentativa do proletariado em nível internacional de se reorganizar sobre um novo eixo, um eixo de independência de classe.

Esse esforço – que aparece de forma desigual, mas combinada em diferentes países – é acompanhado por um esforço inverso feito pelo capitalismo e pelos partidos degenerados para impedir a constituição de verdadeiros partidos operários independentes que possam se desenvolver como partidos revolucionários. Valem todos os métodos, seja pressão, corrupção, envolvimento e colaboração de classes, tripartismo ou repressão aberta ou criminalização dos militantes e dirigentes dos movimentos sociais.

Como consequência da onda revolucionária dos anos 70 e 80, a crise das direções dos partidos comunistas e socialistas permitiu em alguns países o surgimento de organizações que buscavam combater e se desenvolver junto à classe trabalhadora. De forma confusa e convulsiva este é o processo que vemos desde a fundação do PT até o surgimento do PSUV, na Venezuela.

Em países onde esse problema já havia sido resolvido pela história – como na Itália, que teve o mais poderoso Partido Comunista de massas do Ocidente, o PCI – esta questão (a necessidade da existência de um partido operário independente) volta a se colocar, hoje, de outra forma frente às metamorfoses vividas pelos restos de tais partidos – como o ex-PCI, por exemplo.

As organizações independentes que se constituíram no calor da luta de classes do início dos anos 80 – fossem as organizações democráticas revolucionárias pequeno-burguesas empurradas pela luta de classes a ir mais longe do que pretendiam, como a FSLN (Nicarágua), ou organizações operárias de Frente Única, como o Solidariedade (Polônia), ou partidos operários independentes, como o PT no Brasil – todas essas organizações conheceram o peso dos ataques, das pressões, das classes dominantes e dos seus agentes, os aparelhos.

No Brasil é possível um balanço mais detido, pois em nenhum país do mundo nas últimas décadas, a experiência de constituição de um Partido Operário Independente foi tão longe. O PT é o partido que dotou o proletariado brasileiro de consciência de classe e o organizou nacionalmente. Foi o PT diretamente em luta contra as instituições do Estado burguês, a ditadura militar e a política traidora do PCB de então, que constituiu pela primeira vez uma verdadeira central sindical de massas, a CUT.

Foi por isso que os marxistas, após hesitação e confusão frente a um fenômeno novo, finalmente se lançaram na construção do Partido dos Trabalhadores “sem patrões nem generais!”.

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