quinta-feira, 3 de março de 2011

O camarada Kassab

“Forjado no malufismo e alçado à condição de astro local da política por José Serra, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é adepto do velho estilo de confronto com os movimentos sociais. O mais recente episódio deu-se na quinta 17, quando um protesto de estudantes contra o aumento das passagens de ônibus foi encerrado a cassetetes, na porta da prefeitura. Por que então Kassab se tornou o queridinho dos partidos de centro-esquerda? Tanto no PSB e no PDT, que o convidaram para ingressar na legenda, quanto no PCdoB e, não faz muito tempo, no PT, sobram elogios. O prefeito é descrito como “transparente”, “discreto”, “conciliador”. Até o sábado 19, quando o diretório estadual decidiu esfriar as conversações, os petistas estavam empenhadíssimos em trazê-lo para a base de apoio da presidenta Dilma Rousseff. Os encontros entre Kassab e os enviados do Planalto, inclusive, foram mais frequentes que o noticiado.

Ao longo do mês, o PT alimentou a ilusão e autorizou o PSB a fazer a ponte para a base. Mas mudou de atitude depois de ouvir de Kassab que ele se manterá fiel a Serra pelo menos até 2012. O deputado Rodrigo Garcia (DEM), escudeiro de Kassab, esclarece: “Nunca cogitamos compor a base do governo. Nosso foco é o conforto partidário para as eleições. O que há é que na oposição só há três partidos: o PSDB, que já tem muitas estrelas, o PPS e o próprio DEM. E longe do DEM e da aliança com o PSDB, esses partidos da base estão vendo que Kassab é uma terceira opção à polarização entre petistas e tucanos”.

O PDT, o PCdoB e o PSB seguem firmes na intenção de transformar Kassab em parceiro. Há aí, antes de qualquer coisa, um cálculo político. Ressentidos com a “fome insaciável por cargos” do PT e a ampliação do espaço do PMDB, os três principais partidos do chamado bloquinho estão dispostos a fechar alianças ou mesmo a incorporar o partido político que Kassab pretende criar ao deixar o DEM até o fim de março. As lideranças dizem pretender formar uma terceira via para as eleições de 2012 e 2014, a partir de São Paulo. Na avaliação de alguns líderes petistas, o resultado da articulação em torno de Kassab pode significar o enterro de alianças históricas à esquerda.

O presidente do PDT no estado, o deputado federal Paulo Pereira, o Paulinho da Força, justifica: “Muitas forças políticas da base defendem um novo projeto, sem essa polarização PT-PSDB. Nossa relação com o PT está cada dia mais difícil. Por isso eu e o Lupi (ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT) conversamos recentemente com Kassab e ele não descartou a nossa proposta, enquanto estuda a do PSB”.
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Soraya Aggege, CartaCapital

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