por Ricardo Kotscho, no seu Balaio,  dica do Pedro Frineda
Pense num absurdo, em algo totalmente inverossímel, num completo  desrespeito aos que querem contar a nossa história e à memória de quem  tombou na luta pela redemocratização do país.
Pois foi isso que sentiu na pele esta semana o jornalista Audálio  Dantas ao procurar o Arquivo Nacional, em Brasília, para poder finalizar  o livro que está escrevendo sobre o seu colega Vladimir Herzog, o  Vlado, torturado e morto nos porões do DOI-CODI durante a ditadura  militar (1964-1985).
Vlado já tinha sofrido duas mortes anteriores: o assassinato  propriamente dito por agentes do Estado quando estava preso e o IPM  (Inquérito Policial Militar) que responsabilizou Vlado pela sua própria  morte, concluindo pelo suicídio.
Esta semana, pode-se dizer que, por sua omissão, o Ministério da  Justiça, agora responsável pelo Arquivo Nacional, matou Vladimir Herzog  pela terceira vez, impedindo o acesso à sua história.
Muitos dos que foram perseguidos naquela época, presos e torturados,  estão hoje no governo central, mas nem todos que chegaram ao poder têm  consciência e sensibilidade para exercer o papel que lhes coube pelo  destino.
É este, com certeza, o caso de Flávio Caetano, um sujeito que não  conheço, chefe de gabinete do ministro da Justiça, meu velho ex-amigo  José Eduardo Cardozo, por quem eu tinha muito respeito.
Digo ex-amigo pelos fatos acontecidos ao longo da última semana, que relatarei a seguir.
Na segunda-feira, Audalio Dantas me contou as dificuldades que estava  encontrando para pesquisar documentos sobre o antigo Serviço Nacional de  Informações (o famigerado SNI) no Arquivo Nacional, e pediu ajuda para  falar com alguém no Ministério da Justiça.
 
 
 
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