Delúbio Soares (*)
 Quem  aposta contra o Brasil sempre perde, mas quem não apostou em  Pernambuco, se deu muito mal. Aquela gente alegre, hospitaleira, de  sotaque típico e cantado, que deu ao Brasil centenas de poetas,  pintores, músicos e escritores do mais alto nível, que nos delicia com  uma culinária fabulosa e com uma geografia deslumbrante, tem muito,  muito mais que isso. Em 2010, o bravo Estado dos pernambucanos cresceu  impressionantes 16% em seu Produto Interno Bruto, o PIB, e atraiu a  significativa soma de R$ 46 bilhões em investimentos.
Mas  o que é que Pernambuco tem? Sou professor de matemática, mas estudo a  história de nosso país e conheço bem a de Pernambuco para responder tal  indagação: tem a tradição de não se acovardar quando o Brasil precisa  dos pernambucanos, de seu amor à liberdade, de seu talento como  empreendedores, de sua capacidade de ver adiante.
Enquanto  outros Estados, muito mais ricos, muito mais fortes, muito mais  favorecidos nos anos 90 pelos governos neoliberais do tucanato,  apresentaram crescimentos pífios, Pernambuco assombra o Brasil e o mundo  com indicadores chineses de desenvolvimento. Enquanto no “sul  maravilha” alguns governadores faziam oposição estéril e irresponsável  ao governo Lula, o governador Eduardo Campos, um administrador  competente e político promissor, transformava sua parceria com o  presidente da República numa alavanca que recuperou anos de estagnação e  decadência na vida econômica e social de Pernambuco.
Não  houve privilégios para Pernambuco. Pernambuco é que teve o privilégio  de ter competência. Uma geração de administradores jovens e futurosos,  como Eduardo Campos, João Paulo, Armando Monteiro Neto, Fernando Bezerra  Coelho, Humberto Costa e outros, está fazendo sua parte e dando  continuidade ao processo histórico de desenvolvimento econômico com  protagonismo político que realçou sempre a presença daquele Estado  nordestino ao longo da história brasileira.
Com  a mesma bravura e a mesma fúria com que fizeram revoluções, expulsaram  colonizadores holandeses e combateram os lusitanos dominadores, se  adiantaram ao restante do país em diversas iniciativas econômicas, os  pernambucanos estão fazendo do subdesenvolvimento uma página virada,  trocando a cantilena do derrotismo pelo ronco dos motores, pela  estridência das sirenes que anunciam a mudança dos turnos que ocupam às  24 horas de todos os dias da semana no verdadeiro canteiro de obras em  que se transformou o Estado moderno, visionário, sedento de mais  investimentos, ávido de mais empresas que ali se instalem e gerem  empregos e divisas.
Faz  poucos anos e essa terra vivia da audácia de brilhantes  empreendedores locais como João Santos, Eduardo Santos, Armando Monteiro  Filho, João Carlos Paes Mendonça, Edson Moura, José Pessoa de Queiróz  Bisneto, Antônio Queiróz Galvão, Ricardo e Cornélio Brennand e outros  poucos de igual valor e competência. Hoje eles ou seus herdeiros e  sucessores continuam na vida empresarial, mas também se multiplicaram e  são milhares de jovens empreendedores, de empresas internacionais, de  fundos de investimentos, dos que elevaram a renda per capita estadual à  casa dos quase R$ 10 mil, bem acima da média nordestina de R$ 7,5 mil.  Os quase nove milhões de pernambucanos tiveram suas vidas diretamente  mudadas para melhor com os investimentos realizados ao longo do governo  Lula, com a implantação de estaleiros, refinarias, ferrovia e  petroquímica, além de um renascimento daquele que sempre teve fundamenta  papel político dentre as unidades da Federação.
Um  publicitário olhando qualquer região pernambucana – capital, mata,  agreste e sertão – e vendo a terra da promissão em que se transformou o  antigo Estado dividido por “coronéis” e chefetes políticos, castigado  pela seca e pelo descaso oficial, diria que o Pernambuco de hoje é um  “case” de sucesso. E é sim. Mas, é a conjugação de fatores que se  congregaram para mostrar ao Brasil que Pernambuco aproveitou  oportunidades que São Paulo, por exemplo, perdeu; que Eduardo Campos  governou Pernambuco de olho no desenvolvimento do Estado e na realização  do progresso, deixando de lado qualquer veleidade pessoal ou projeto  que atazanou tanto a vida dos que governaram Estados muito mais ricos e  poderosos e amargaram índices ridículos se comparados aos  impressionantes 16% da terra dos Guararapes; é a prova do que um  governador e um prefeito de capital irmanados podem fazer, como foi o  caso de Eduardo com o competentíssimo então prefeito João Paulo, que  recuperou o brilho de Recife, uma das mais belas cidades de nosso país; é  fruto do esforço de uma equipe de governo jovem, audaciosa, com  comprometimento com metas estabelecidas, onde figuras como o então  secretário Fernando Bezerra Coelho, por exemplo, cumpriram importante  papel  na atração de investidores nacionais e estrangeiros. Eduardo foi o  governador de Estado reeleito com a maior votação proporcional do país e  a maior da história de Pernambuco. João Paulo foi o deputado federal  mais votado em Pernambuco e o mais votado do PT em todo o Brasil.  Fernando hoje é o atuante ministro da Integração Nacional da presidenta  Dilma Rousseff.
O  turismo dá saltos de qualidade, valorizando um dos litorais mais belos  do continente, a serra de Gravatá onde - incrivelmente - em pleno sertão  nordestino o inverno se apresenta; a feira de Caruarú, cantada pelo  inesquecível e genial sanfoneiro Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião", outro  orgulho de Pernambuco, é um dos espetáculos de cor, som, alegria e  trabalho do povo sertanejo; as festas de São João se revestem de beleza  ímpar, que emocionam tanto pela profunda tradição quanto pela  manifestação cultural em sí; o "Galo da Madrugada", o maior bloco  carnavalesco do mundo, arrastando pelas ruas e becos seculares da  líndissima Olinda milhares de foliões a cada carnaval, são um capítulo a  parte, no calendário turístico internacional. Pernambuco, de A a Z, não  fica nada a dever a nenhuma outra terra. 
Pernambuco  é um notável exemplo para o Brasil. Seu crescimento é galopante, mas  sustentável. Sua população aprovou uma forma moderna e competente de  governar e varreu da cena política os caciques decadentes e  improdutivos. Seu governo não tem compromisso com o atraso, apenas com o  que pode dar certo. Seu empresariado é empreendedor e soube adaptar-se  aos novos tempos, descolando-se da monocultura sucroalcooleira. Novas  indústrias se implantam por todo o Estado, novas vocações foram  desenvolvidas em todas as regiões, como a fruticultura no Vale do São  Francisco, fazendo de Petrolina uma das melhores cidades do país. Os  indicadores de desenvolvimento humano se ainda deixam a desejar, são  bastante superiores aos de antes e não param de apresentar melhoras.
Essa  terra que gerou políticos do porte de Agamenon Magalhães, Miguel Arraes  (cearense que adotou Pernambuco com amor e devoção), Pelópidas  Silveira, Marcos Freire e Carlos Wilson; que deu-nos gênios como Manuel  Bandeira, Cícero Dias, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna, João Cabral de  Melo Neto, Francisco Brennand,  João Câmara e muitos outros, está se  recolocando novamente no cenário nacional, com a força de um maracatu,  com a alegria de um frevo. E como naquele verso de mestre Ascenso  Ferreira, Pernambuco embarca num trem e “vai danado prá Catende”. Mas  não é prá Catende. É para um futuro para lá de glorioso.
(*) Delúbio Soares é professor
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