sexta-feira, 4 de março de 2011

Aprovação a Dilma supera a de Lula em 2003 e 2007

Foi pouco divulgado, mas já foi feita a primeira pesquisa sobre a popularidade da presidenta Dilma Rousseff, após os primeiros 45 dias de mandato. Foram feitas mil entrevistas pelo Instituto Análise, do sociólogo Carlos Alberto de Almeida, autor de “A Cabeça do Eleitor”, que versa, inclusive, sobre o efeito das pesquisas de opinião sobre a vontade do eleitorado.
Dilma aparece, nessa pesquisa, com 50% de bom e ótimo. Esse índice supera os índices de aprovação do ex-presidente Lula no limiar tanto do primeiro mandato (2003) quanto do segundo (2007), apesar de os índices daqueles anos, com os quais está sendo feita a comparação, serem de outro instituto, o Datafolha.
Contudo, a comparação é útil para se ter uma base para avaliar o patamar de aprovação da presidenta neste momento, após os primeiros movimentos de seu governo. Essa comparação deixa ver situação mais confortável de Dilma.
Em 2003 – melhor base de comparação, pois Lula ainda era uma incógnita –, o ex-presidente detinha 43% de aprovação pessoal, segundo o Datafolha; em 2007, após uma eleição difícil por conta do remanescente escândalo do mensalão, paradoxalmente Lula teve maior aprovação, de 48%. Aqui, salta aos olhos um fenômeno que se consolidaria nos anos seguintes.
A guerra que a mídia declarou a Lula durante seus oito anos, diferentemente do que se poderia imaginar não conseguiu impedir que, entre abril de 2003 e dezembro de 2010, sua aprovação pessoal praticamente dobrasse, chegando a 83% no último ano de seu governo.
Contudo, os índices mais altos de Lula foram auferidos a partir do segundo mandato. O ex-presidente chegou a dezembro de 2006, logo após derrotar Geraldo Alckmin, com 52% de aprovação, que caiu a 48% mais ou menos nesta época, há quatro anos, em março de 2007.
A série histórica do Datafolha revela que a guerra midiática contra Lula começou já em fevereiro de 2004, com o escândalo Waldomiro Diniz, o que fez com que a aprovação do ex-presidente caísse dos 43% do início de seu governo para 38%. Os índices iguais ou inferiores a  50% persistiram por todo o primeiro mandato.
A partir de 2007, apesar de a artilharia midiática contra Lula ter aumentado, os resultados na economia certamente respondem por boa parte de sua popularidade. O Brasil, em 2002, era a 14ª economia do mundo; hoje, os jornais informam que já é a 7ª. Contudo, tais resultados não explicam totalmente a disparada da aprovação pessoal de Lula.
Duas premissas sobre a melhora do bem-estar social foram bombardeadas incessantemente pela mídia, a de que a melhora da economia se devia a Fernando Henrique Cardoso e a de que tal melhora se devia à conjuntura internacional favorável. Enquanto isso, a mídia foi tentando construir, entre a opinião pública, uma imagem de corrupto para o governo Lula.
É perfeitamente plausível afirmar, portanto, que a quase totalidade dos brasileiros descreu dos meios de comunicação e dos partidos de oposição, sobretudo do ex-governador José Serra, que liderou a ofensiva conservadora no Brasil durante a década passada.
Neste mês de março, devem começar a surgir pesquisas de opinião dos grandes institutos. Apesar de ter sido indicada por Lula e de ter chegado ao poder graças a ele, Dilma certamente ainda terá que construir seus índices de popularidade, o que explica a relação que está construindo com os algozes de seu antecessor.
Ano de ressaca após a fuzarca econômica de 2010, que gerou um “pibão” de 7,5%, 2011 certamente produzirá um “feel god factor” decrescente, não só pelo aumento do salário mínimo abaixo da inflação como pela política monetária que vai se tornando progressivamente restritiva.
Fica fácil entender, portanto, que a continuidade da guerra midiática teria efeitos imprevisíveis sobre a sustentação do novo governo. Lula, porém, ao enfrentar essa questão, ingeriu uma espécie de antídoto contra a mídia que impediu que seus ataques fizessem efeito mesmo durante a crise de 2008/2009, quando o bem-estar social reduziu-se perceptivelmente.
A estratégia de coexistência pacífica com a mídia é mais confortável do que a de enfrentamento dela por Lula. Resta saber se pode ser sustentada até que a sensação de bem-estar se recupere, pois a economia pode pesar mais para a sociedade do que o que a mídia disser sobre o governo, ainda que em direção contrária.

Nenhum comentário: