quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tensão em assentamento rural leva Polícia Federal e Força Nacional a município paraense de Anapu

Alex Rodrigues, Agência Brasil

“A extração ilegal de madeira na região amazônica gerou um novo potencial conflito em torno do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, empreendimento onde a missionária norte-americana Dorothy Stang foi assassinada, em 2005.

A pedido do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), agentes da Polícia Federal (PF) e 12 homens da Força Nacional estão se dirigindo a Anapu (PA), onde fica o assentamento. Segundo o Incra, eles deixaram, na manhã de hoje (19), a cidade de Altamira, que fica a cerca de 150 quilômetros de Anapu.

O clima de conflito que se instalou na região tem, de um lado, os trabalhadores rurais assentados apoiados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela Congregação das Irmãs de Notre Dame, a mesma à que Dorothy pertencia. De outro, pessoas que, segundo Incra, vivem indevidamente na área destinada ao projeto e que, em breve, terão que deixar o local.

Os assentados reclamam da falta de fiscalização do Estado e exigem a instalação de guaritas de controle para conter a entrada de madeireiros e caminhoneiros na área do projeto. Já o segundo grupo defende a exploração madeireira como fonte de renda e, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu, tenta evitar que o Incra os expulse do local. O Incra já notificou ao menos 30 famílias para deixarem a área.

Ontem (18), após seis dias de bloqueio das estradas vicinais que dão acesso ao projeto, os assentados conseguiram que a superintendente regional do Incra de Santarém (PA), Cleide Antônia de Souza, fosse ao assentamento e se comprometesse a, em 60 dias, dar uma resposta sobre a instalação de ao menos dois postos de vigilância com a presença de seguranças particulares armados contratados pelo instituto. A mesma medida já foi adotada em outro assentamento de Anapu.

Após o fim da reunião com os assentados, a superintendente foi então abordada por pessoas que se identificaram como representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Alegando ser contrário à instalação das guaritas, o grupo ameaçou interditar a Rodovia Transamazônica (BR-230) e exigiu que seja promovida uma audiência pública com a presença da Ouvidoria Agrária Nacional, do Ministério Público Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Temendo um iminente confronto, o governo do estado reforçou o policiamento em Anapu e deixou de prontidão efetivos da Companhia Regional da Polícia Militar de Altamira.

Segundo o superintendente substituto do Incra em Santarém, Francisco De Luca, a tensão provocada pela extração ilegal de madeira não é uma novidade na região. Por telefone, De Luca disse à Agência Brasil que não apenas os assentados, mas o próprio Incra, desde o ano passado, vem reivindicando que órgãos como a Polícia Federal, o Ibama e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) intensifiquem sua atuação na região.”

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