segunda-feira, 18 de junho de 2007

Morre a cantora Núbia Lafayette


A cantora Núbia Lafayette faleceu às 13h30 desta segunda-feira (18). Núbia se encontrava hospitalizada desde o último dia 25 de maio no Hospital de Clínicas de Niterói (RJ) devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Idenilde de Araújo Alves da Costa, nome verdadeiro de Núbia Lafayette, nasceu no município Açu (RN) em 21 de janeiro de 1937. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos três anos de idade, com a mãe. Logo cedo demonstrou interesse pela música apresentando-se em programas infantis. Aos 12 anos, a pequena Idenilde Araújo fazia do cabo da vassoura um microfone para cantar as músicas de Vicente Celestino e Dalva de Oliveira - os maiores cantores da época.
A cantora potiguar desembarcou muito cedo no Rio de janeiro e começou sua carreira no fim dos anos 50, com o nome artístico de Nilde Araújo. Cantou em programas de calouros, foi crooner da boate Cave e estreou cantando Dalva de Oliveira.
Chegou a gravar um disco ainda como Nilde Araújo, e assumiu o nome definitivo de Núbia Lafayette em 1960, por sugestão do compositor Adelino Moreira, que a apresentou à gravadora RCA e encontrou em Núbia a intérprete ideal para suas canções.
Ainda em 1960, Núbia grava seu primeiro disco de carreira com a música "Devolvi" de Adelino Moreira, que logo passaria a tocar nas rádios de todo o País e exaustivamente no Nordeste, o que a projetou como uma cantora romântica e popular.
Fonte de inspiração - Nelson Gonçalves teve uma grande importância na carreira de Núbia Lafayette, tendo sido sua fonte de inspiração musical masculina e um grande professor. Nelson a ensinou como se comportar no palco.
Núbia, pela grande afinidade com o cantor, foi apontada por muitos de seus fãs como "Nelson Gonçalves de saia". Regravou muitos de seus sucessos, como 'Argumento' (Adelino Moreira), 'A volta do boêmio' (Adelino Moreira) e 'Fica comigo esta noite' (Nelson Gonçalves/Adelino Moreira). Logo vieram cair na boca do povo músicas como o bolero 'Seria tão diferente', 'Prece à lua' e 'Solidão'.
Nos anos 70, pela gravadora CBS, veio uma segunda fase de sucessos. Núbia volta às paradas com "Casa e Comida", de Rossini Pinto, que foi faixa título de um LP gravado em 1972. A música virou uma espécie de hino oficial das mulheres mal casadas e desprezadas pelo maridos infiéis - quase todas sabiam de cor o refrão "não é só casa e comida que faz a mulher feliz". Neste mesmo LP, 'Aliança com filete de prata' (Gloria Silva) também passou a fazer parte do seu repertório, como também as músicas que lançou nos anos seguintes, como 'Mata-me depressa' (Rossini Pinto), 'Quem eu quero não me quer' (Raul Sampaio/Benil Santos), 'Esta noite eu queria que o mundo acabasse' (Silvio Lima) e as recordistas de pedidos suplicantes nos eufóricos shows de Núbia Lafayette, a exemplol de 'Lama' (Aylce Chaves/Paulo Marques) e 'Fracasso' (Mario Lago), músicas que se tornaram célebres em sua voz.
Apesar dos modismos, Núbia sempre se manteve fiel ao romantismo das mágoas, da traição, do desconsolo e da fossa, que teve em Adelino Moreira seu grande profeta. Núbia ainda gravou outros especialistas da dor de cotovelo, como Lupcínio Rodrigues, Herivelto Martins, Raul Sampaio, Jair Amorim, Evaldo Gouveia e Othon Russo, dentre outros.
Muitos cantores que hoje fazem sucesso no cenário fonográfico nacional são confessadamente influenciados por essa musa do povo, que é Núbia Lafayette, a exemplo de Alcione, Fafá de Belém, Elymar Santos e Tânia Alves. Núbia cativou uma legião de fãs, dentro e fora do meio artístico. Cauby Peixoto, Adilson Ramos, Waldick Soriano, Cláudia Barroso, Paulo Gracindo, dentre outros, já puderam até exercitar sua tietagem, dividindo microfone com Núbia em gravações emocionadas, a exemplo de Alcione, Gonzaguinha, Nelson Gonçalves, Elymar Santos, Waldick Soriano, Noite Ilustrada, e Trio Irakitam.
Núbia morava em Maricá (RJ), onde também se dedicava ao gerenciamento do Centro Gastronômico Núbia Lafayette, além de fazer shows por todo o País.

Fonte: www.portalcorreio.com.br

Nesse momento de profunda dor, eu o Naza, que já não sou tão novo assim, sou um jovem meninão beirando os cinqüenta anos, tive o prazer de conhecer muitas de suas músicas, tive a grata satisfação de vê-la cantar e junto com tantos outros encher o coração de muita paz.
Por isso, em homenagem e um tributo a essa, que a meu ver, mesmo na grande viagem, é e sempre será a mais completa interprete do cancioneiro romântico e popular brasileiro, vou publicar a letra de uma das lindas canções que já ouvi em minha vida.

"Devolvi"

Núbia Lafayette

Composição: Adelino Moreira

Devolvi
O cordão e a medalha de ouro
E tudo que ele me presenteou
Devolvi suas cartas amorosas
E as juras mentirosas
Com que ele me enganou

Devolvi
A aliança e também seu retrato
Para não ver seu sorriso
No silêncio
Do meu quarto

Nada quis guardar como lembrança
Pra não aumentar meu padecer
Devolvi tudo
Só não pude devolver
A saudade cruciante
Que amargura meu viver

Também maravilhosamente interpretada pelo saudoso Nelson Gonçalves.

Sou o Naza, de volta, de casa nova e triste com essa perda.





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