sexta-feira, 27 de maio de 2011

FHC age para convencer Serra a aceitar conselho político

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está fazendo a intermediação para tentar convencer Serra a integrar o novo conselho político, que terá suas funções redefinidas. O ex-governador de São Paulo e candidato derrotado na eleição presidencial de 2010 vinha se negando a compor o colegiado, por considerá-lo sem importância na estrutura partidária.

Para a primeira vice-presidência, o nome colocado nas conversas pelos serristas e aceito pelos demais é o do ex-governador Alberto Goldman. Para a outra vice-presidência, o indicado de Alckmin é o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Emanuel Fernandes, deputado federal e ex-prefeito de São José dos Campos.

Com essas bases, os tucanos envolvidos nas conversas entre os grupos paulista e mineiro acreditam em um "grande entendimento" para compor as correntes de Serra e Aécio, que disputam a candidatura presidencial pelo partido em 2010. Consideram também uma solução para agradar Alckmin, que tem feito gestões para evitar uma derrota total de Serra. O próprio governador paulista não é descartado como opção para concorrer ao Palácio do Planalto.

FHC foi acionado pelas lideranças tucanas para tentar tirar o partido do impasse em torno da composição da Executiva Nacional. Amanhã, em Brasília, os delegados nacionais vão eleger o diretório nacional, que tem 213 integrantes, para o qual a chapa é única. A falta de acordo entre os grupos mineiro e paulista ameaçava levar a definição da executiva para um confronto.

Apesar da pressão paulista, até ontem era descartada pelos aecistas a possibilidade de recuo na indicação do ex-senador Tasso Jereissati para a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV). Essa solução foi tentada por Alckmin, interessado em evitar conflitos com Serra. Mas Tasso foi convidado publicamente pela bancada no Senado, aceitou, e virou fato consumado.

Para os tucanos que defendem a candidatura de Aécio a presidente, Serra transformaria o ITV num espaço para fazer campanha pessoal. Além disso, temem que, num cargo com essa projeção, Serra estabeleça um duplo comando do PSDB, disputando com o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE) - que será reconduzido amanhã, com apoio de Aécio.

Guerra, por sinal, é um dos mais preocupados com o confronto entre Aécio e Serra. Ele é visto como aliado do mineiro, mas está interessado em manter o partido unido. Com a disputa pela formação da executiva, o PSDB conseguiu, na prática, antecipar para 2011 o confronto previsto para 2014 entre Serra e Aécio, pela vaga de candidato do partido a presidente. Serra já foi derrotado duas vezes (2002 e 2010), mas ainda alimenta expectativa de disputar.

A avaliação majoritária no partido é que a vez é de Aécio, por vários motivos, entre eles, a maior capacidade de agregar politicamente e os erros atribuídos a Serra na campanha de 2010. Mesmo assim, é consenso que o peso político de Serra não pode ser descartado pelo partido e que é prematuro definir agora uma candidatura. O perfil ideal dependerá de vários fatores, entre eles do desempenho do governo Dilma Rousseff e da coesão - ou não- de sua base de sustentação.

Mesmo adversários de Serra defendem um acordo, para evitar que ele saia humilhado e o partido, definitivamente rachado. O receio é que Serra seja transformado no "Kassab do PSDB", numa referência à saída do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do Democratas, levando um grande número de filiados para o novo partido, o PSD. "Todo mundo está procurando uma forma de Serra não ser vencido", define uma liderança envolvida nas conversas.

Por enquanto, Aécio tem vencido todos os rounds. Primeiro, com uma mobilização de apoio à reeleição de Guerra na presidência do partido, barrando uma articulação de aliados de Serra para conduzi-lo ao cargo. Depois, conseguindo apoio à permanência do deputado Rodrigo de Castro (MG), seu aliado, na secretaria geral do partido. Os paulistas queriam substituí-lo.

Por fim, o senador mineiro antecipou a formalização do convite a Tasso para assumir o ITV, rebatendo a articulação de Alckmin para levar Serra ao comando do órgão de estudo e formação política do partido. Tucanos de São Paulo reagiram a esses movimentos dizendo que tentavam destruir e humilhar o ex-governador.

Os dirigentes discutem a redefinição de alguns papéis de cargos da executiva, entre eles o da vice-presidente executiva, ocupada pelo ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira, cujo cargo absorveu boa parte do poder da secretaria-geral do partido.Valor Econômico




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