terça-feira, 5 de abril de 2011

O trator Vaccarezza

Líder do governo na Câmara impõe seu estilo: aprovar tudo, com ou sem acordo com os demais partidos

Rodolfo Borges, Brasil 247

O governo vai dar, nesta semana, mais uma demonstração de sua força no Congresso Nacional. Depois do salário mínimo de R$ 545, a ampla base aliada, liderada pelo deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), deve aprovar, mesmo sem consenso, o empréstimos de R$ 20 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao consórcio responsável por construir o Trem de Alta Velocidade (TAV), o trem-bala. A maioria do governo também pretende aprovar o projeto de decreto legislativo que permite ao Brasil pagar três vezes mais ao Paraguai pela energia produzida em Itaipu, algo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia prometido ao colega paraguaio, Fernando Lugo, em 2009.

Vaccarezza planeja se valer da maioria para limpar a pauta das 14 Medidas Provisórias (MPs) que trancam a pauta até junho. A oposição conta com apenas 111 dos 513 deputados da Casa. “Vamos votar com ou sem acordo. O PSDB é contra o projeto do trem bala, com suas razões, mas não haverá qualquer concessão”, diz o líder do governo, referindo-se também à oposição do Democratas à criação de uma estatal, a Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. (Etav), para administrar o veículo e integrar seu funcionamento a outros transportes. Vaccarezza não aceita nem o argumento de corte de gastos para justificar oposição ao TAV. “O momento não é de corte de gastos. Os cortes são seletivos e apenas de gastos desnecessários”, retruca.

A ponderação vale também para a revisão do tratado de Itaipu e o conseqüente aumento dos repasses brasileiros para o Paraguai, que será votado na quarta-feira. O Tesouro paga anualmente US$ 120 milhões ao vizinho pela energia produzida em Itaipu, e, aprovado o aumento, elevaria o valor para US$ 360 milhões. Neste caso, contudo, levantamento da consultoria Arko Advice no Congresso indica que apenas 32,7% dos deputados federais estão confiantes na aprovação do texto da forma como foi enviado pelo Executivo – 35,3% não souberam indicar um resultado e 26% dos deputados disseram não acreditar na aprovação. “Para o Brasil se desenvolver, tem de levar junto a América do Sul inteira”, justifica Vaccarezza, retrucando a crítica da oposição de que o novo valor é muito alto.”

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