Nem se tivesse comparecido, ou planejado meticulosamente a ausência, o ex-presidente Lula poderia imaginar o tamanho da repercussão que dariam ao seu não comparecimento ao almoço oferecido pelo governo brasileiro ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no Palácio dos Arcos (Itamaraty).
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e seus colegas ex, senadores José Sarney (PMDB-AP), Itamar Franco (PPS-MG) e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) compareceram e Lula foi o único ex-presidente ausente.
O ex-chefe do governo ainda observa uma espécie de quarentena pós-transmissão do cargo dia 1º de janeiro pp. e, no sábado, na hora do almoço em Brasília, foi a um churrasco comemorativo do aniversário de um de seus filhos, no ABCD paulista.
Lula falta a almoço e mundo quase vem abaixo
Mas, o mundo quase veio abaixo, as interpretações são as mais diversas e a ausência terminou ocupando mais espaço do que se ele tivesse sido um dos ex-presidentes presentes ao almoço. Os jornais deram matérias à parte às da cobertura da visita presidencial dos EUA, com interpretações das mais hilariantes.
As versões vão da interpretação de que o ex-presidente não foi porque não queria ver a presidenta Dilma Rousseff consumar a guinada (???) na politica externa que ele seguiu, a de que não foi para não "ofuscar" o brilho da sucessora passando, ainda, por uma pseudo irritação do brasileiro com o fato de que, durante seu governo, o presidente americano o incentivou a patrocinar e depois recusou acordo fechado com o Irã.
O Estadão deu 2 páginas para esta ausência de Lula, uma com FHC elogiando a mudança de política externa no governo Dilma e a outra com entrevista sobre a ausência do ex-presidente no almoço com Obama.
Estadão quer acabar com ideologias por decreto
FHC queixou-se que, quando no Planalto, convidou e recebeu Lula e que nunca foi chamado a vê-lo quando presidente e nem convidado para um almoço com outro chefe de Estado. "Talvez ele julgasse que não era necessário...", disse FHC aos jornais. Era?
Nesta página ouviram, também, o professor da Universidade John Hopkins, de Washington, Riordan Roett, para quem "o estilo Lula foi um momento, e já passou". O professor diz que diplomacia com "tintas ideológicas" é coisa do passado.
OK, criticar a ausência do ex-presidente Lula no almoço é parte da missão a que se impôs a imprensa em sua estratégia de separar, estabelecer dissenções inexistentes entre ele e sua sucessora. Mas, francamente, essa de política externa sem ideologia é demais! Haja pobreza ideológica! É o velho Estadão de sempre, querendo acabar por decreto com as ideologias!
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