sábado, 5 de março de 2011

FHC e Clinton podem fazer palestras. Lula não

 Não é preciso ser nenhum "às" político para perceber a tentativa da mídia de desconstruir a imagem do ex-presidente Lula junto à opinião pública. A bola da vez contra ele, agora, é sua estréia como palestrante, a conferência que ele fez num evento da empresa coreana LG na última 4ª feira em São Paulo.

A matéria do Folhão, que registrou o fato, chamava o ex-presidente de "dublê de político e garoto-propaganda de eletrônicos". Os outros jornais não destoaram, foram na mesma linha. Os de ontem e os de hoje, e os ataques duros e o grande destaque, vieram mesmo em cima do fato de ser uma palestra remunerada. E de o ex-presidente ter falado - e bem - sobre seu governo.

Na concepção deles, no mínimo, o ex-presidente não pode dizer que seu governo superou os efeitos aqui da pior crise econômica global dos últimos 100 anos, criou 15 milhões de emprego com carteira assinada, 38 milhões de pessoas ingressaram na classe média... Estressados, mesmo, os jornalistas ficam por ter de registrar que isto fez com que o ex-presidente deixasse o governo com 86% de apoio e aprovação populares.

Puro preconceito


Queriam que ele falasse sobre o que se foi convidado exatamente para isto? Que falasse mal de sua administração? Por acaso os jornalistas que o criticam agora, boa parte deles, também não cobra por palestras e apresentação de eventos? Nestas palestras eles falam mal de si próprios?

Não me lembro dos jornais terem dado igual destaque, e com julgamento de valor, censura até, à palestras de outros ex-presidentes - do ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, que até tem uma fundação para administrar essa sua atividade, ao nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que nunca fez segredo de que cobra, e quanto, por suas palestras.

Então, jornalistas, Clinton, FHC podem fazer e cobrar por palestras, o ex-presidente Lula não pode nem uma coisa nem outra? Quem decidiu, e dessa forma, sobre isto? Francamente, beiram o risível essas críticas, não fossem a expressão do velho e arraigado preconceito de nossas elites contra o presidente-operário, não acadêmico...

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