BBC Brasil
Brasília – O Ministério das Relações Exteriores negocia o resgate de 183 brasileiros que estão em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia. Eles trabalham no país para a construtora Queiroz Galvão e devem ser retirados amanhã (24) ou sexta-feira (25). A saída deve ser feita por um navio contratado pela empresa, que deve se dirigir primeiramente à Grécia ou à Ilha de Malta.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, há entre 500 e 600 brasileiros na Líbia, a maioria residente no país. Todos estão bem, de acordo com o Itamaraty.
Governos de vários países estão enviando balsas, aviões e navios para retirar seus cidadãos da Líbia, tomada por uma onda de violência entre partidários e opositores do governo de Muammar Khadafi, no poder há mais de 40 anos.
Hoje (23), duas balsas da Turquia conseguiram retirar cerca de 3 mil de seus cidadãos de Benghazi, onde vive um grande número de turcos que trabalham para empresas de construção. As embarcações contaram com a escolta de uma fragata.
A Holanda, França, Itália e Grécia estão organizando voos para retirada de seus cidadãos, mas estão com dificuldade de obter autorização para pouso. A Grã-Bretanha está planejando fretar um avião para seus cidadãos, além de posicionar um navio de guerra próximo à costa da Líbia.
O governo chinês também anunciou o envio de aviões fretados e navios para retirar cerca de 40 mil chineses da Líbia. A operação conta com a colaboração da Grécia e da Itália, segundo a agência de notícias estatal grega ANA-MPA.
O Departamento de Estado norte-americano diz ter alugado uma balsa para retirar seus cidadãos da Líbia. Uma nota emitida pela Embaixada dos Estados Unidos no país diz que os americanos que queiram sair da Líbia devem se dirigir ao porto de As-shahab, que fica em Trípoli, a capital do país. A Áustria, Rússia, Holanda e Bulgária conseguiram enviar aviões para retirada de seus cidadãos.
Ontem (22), Portugal conseguiu concluir a retirada de seus cidadãos de Trípoli, por meio de dois voos de um avião militar Hércules C-130 da Força Aérea Portuguesa, nos quais cerca de 200 pessoas foram levadas para uma base aérea na Itália. Entre os passageiros, 130 seriam portugueses e os demais, de outras nacionalidades.
Cerca de 30 desses portugueses trabalham para a Zagope, a sucursal portuguesa da construtora brasileira Andrade Gutierrez. O brasileiro José Carlos Ribeiro foi receber os colegas no Aeroporto de Lisboa e contou à BBC Brasil que escapou por pouco de ficar preso na Líbia.
“A cada 90 dias, temos direito a nove dias fora do país. Na semana passada, eu perguntei se era para retornar para a Líbia e disseram que estava tudo normal. Eu estava voltando para Trípoli no domingo [20] e, quando fui pegar o avião em Roma, o voo foi cancelado”.
Além dos esforços organizados por governos, grandes companhias internacionais, muitas delas envolvidas em importantes projetos de energia na Líbia, estão organizando a retirada de funcionários do país.
A Shell afirmou ter realocado todos os seus funcionários expatriados e seus dependentes da Líbia. A italiana Eni, a maior produtora de energia no país norte-africano, disse estar retirando parte de seus funcionários. A francesa Total e a empresa de construção italiana Vinci anunciaram estar fazendo o mesmo.
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