O escândalo recente que envolveu o Banco de Brasília (BRB), com a comprovação da existência de uma fraude de R$ 50 milhões, está levando a polícia a descobrir esquemas criminosos semelhantes em outros bancos estatais. As investigações apontam que “há fortes indícios” de que o banco oficial do governo tucano de São Paulo, a Nossa Caixa, esteja envolvida em um esquema de desvio de recursos públicos semelhante.
De acordo com reportagem publicada na edição desta quarta-feira (27) no jornal Folha de São Paulo, as investigações promovidas até agora revelariam que a fraude em São Paulo deve ser bem maior, pois os valores possivelmente desviados na Nossa Caixa seriam superiores aos verificados no BRB. O esquema, porém, teria como atores as mesmas empresas e os procedimentos e contratos da mesma natureza.
Leia abaixo, na íntegra, a matéria publicada na FSP:
Promotores suspeitam de irregularidades na Nossa Caixa
A fraude contra o BRB foi desvendada no último dia 14 por meio da Operação Aquarela, da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal. Na operação, foram expedidos mandados de prisão contra 20 pessoas, entre elas o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura e o então secretário-geral da Asbace (Associação Nacional de Bancos), Juarez Lopes Cançado. Moura foi flagrado conversando com o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) sobre a partilha de dinheiro no escritório de Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol.
Os responsáveis pela investigação em Brasília afirmaram que já acionaram o Gaeco, braço do Ministério Público do Estado de São Paulo responsável pelo combate ao crime organizado. A papelada relativa ao caso será enviada a São Paulo nas próximas semanas. O Gaeco aguarda os papéis para instaurar investigação sobre o banco.
Questionado sobre as suspeitas, o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, não comentou o caso da Nossa Caixa devido ao segredo de Justiça: "O que posso dizer é que provavelmente a modalidade criminosa descoberta aqui, por ser moderna e eficiente, foi copiada em outras unidades da federação".
O esquema desvendado pela Operação Aquarela funcionaria da seguinte forma em Brasília: o BRB firmava contrato sem licitação com a Asbace, que subcontrataria outras empresas para a realização de serviços bancários diversos -entre as quais a ONG Caminhar, a ATP Tecnologia e Produtos e a FLS Tecnologia, cujos donos foram presos na operação. Em meio a serviços reais, elas realizariam serviços fictícios, como pesquisas sobre a satisfação do cliente com o atendimento do banco.
Os questionários que deveriam ser respondidos pelos clientes eram preenchidos por uma funcionária da ONG Caminhar, auxiliada pelo namorado. O BRB pagava pelo suposto serviço, dinheiro que voltava a dirigentes do banco e da Asbace por meio de saques bancários com cartões corporativos emitidos pela Caminhar. A Polícia Civil e o Ministério Público calculam que a fraude tenha desviado R$ 50 milhões do erário do Distrito Federal.
Os investigadores dizem ter obtido contratos da Nossa Caixa com as empresas suspeitas, mas enquanto o contrato do BRB com a Asbace girava em torno de R$ 3 milhões ao mês, o da Nossa Caixa girava em torno de R$ 15 milhões mensais.
PORTAL PT.
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