Tudo balança, mas não cai
BRASÍLIA - A maior preocupação da presidente Dilma Rousseff, como ela deixou evidente na posse de Ollanta Humala no Peru e nos encontros com Cristina Kirchner em Brasília, é com os efeitos ainda não bem definidos da crise dos EUA no mundo, na América do Sul e, consequentemente, no Brasil.
De público, Dilma diz que teme o desequilíbrio das moedas da região em função do esfarelamento do dólar, como também a enxurrada de produtos manufaturados que, sem compradores nos países ricos, tendem a inundar os emergentes. A enxurrada, se houver, pode afetar as indústrias e os empregos nacionais -do Brasil e dos vizinhos.
Em privado, o que prevalece é o temor aliado às incertezas, ou seja, uma grande interrogação. Ninguém sabe, ao certo, em que ponto o endividamento americano e o impasse político de Barack Obama vão se somar à fragilidade de países europeus. E no que tudo isso, junto, vai dar a curto e médio prazos.
Mas, enquanto a agonia de Dilma é com a crise mundial que vai tomando forma, como uma nuvem carregada, a de Lula e dos lulistas é mais doméstica: as consequências da faxina nos Transportes.
Não é por acaso que só 1% (1% mesmo!) das obras do PAC na área justamente de transportes estão prontas, mas a preocupação é outra: a tentativa do PR de extrapolar sua insatisfação para os demais partidos aliados. A ministra Ideli Salvatti está encarregada de acalmar a turma com cargos, mas algo emperra a tarefa: Dilma exige "ficha limpa". Sobram poucos...
Esta semana, portanto, promete grandes emoções, com o mundo e o governo brasileiro aos sobressaltos. E tem mais: o ministro Nelson Jobim vai amanhã ao programa "Roda Viva", da TV Cultura. Jobim, o que balança, mas não cai, está em fase de dizer verdades por aí e, como todos sabemos, a verdade às vezes dói. Quando dói na presidente da República, o tombo passa a ser questão de tempo.
Fonte: Aposentado Invocado
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