Luis Nassif, qui, 30/12/2010           
Entre as convidadas, que também estarão no coquetel no Itamaraty,  está a economista Maria Lúcia Urban, que, na época, chegou grávida ao  presídio e recebeu todos os cuidados de Dilma.
- A Maria Lúcia e a Dilma tinham uma relação muito forte, que se  manteve - disse a socióloga Lenira Machado, outra integrante do grupo e  responsável pelo convite da posse às outras colegas do Tiradentes.
Maria Lúcia hoje é diretora do Centro de Formação Estatística do  Paraná. Lenira trabalha com projetos e programas do Ministério do  Turismo.
Dilma ficou presa, foi condenada e passou três  anos na cadeia. Antes de seguir para o Tiradentes, foi torturada durante  22 dias seguidos. A chegada da companheira à Presidência da República é  motivo de orgulho para as colegas de militância política, ainda que  atuassem em grupos de esquerda distintos e com pensamentos diferentes  sobre como enfrentar o regime militar.
- Éramos de diferentes organizações, mas ocupávamos o mesmo espaço.  Se não fosse a cadeia, jamais teríamos nos encontrado. Essa coisa nos  unia - disse Rita Sipahi, que atuou na Ação Popular.
Dilma era da Var-Palmares. Rita é advogada e integra a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
Os grupos de esquerda divergiam em especial sobre a adesão ou não à  luta armada. Lenira e Dilma tinham uma posição idêntica e defendiam o  confronto com os militares.
- Eu e ela concordávamos com a luta armada, embasada na formação de  quadros. Não para ser uma simples aventura - disse Lenira, que foi  torturada no DOI-Codi e, em 2008, reconheceu seu torturador e o  denunciou publicamente.
Dilma gostava de "Chico mineiro" e de crochê
Ela comemora a eleição de Dilma.
- Não tenho postura feminista, mas é uma vitória ter uma mulher  presidente. E nem em sonho imaginava que alguém da luta armada chegaria  um dia a esse posto - disse Lenira.
A jornalista Rose Nogueira, que também estará na festa da posse,  ficou alguns meses no presídio e tem muitas lembranças de Dilma. Ela se  recorda do apego da petista aos livros. De todos os tipos, de teorias da  economia aos clássicos da literatura universal. Nos trabalhos manuais  na cela, Dilma tinha predileção, segundo Rose, pelo crochê. Fazia  bordados em pano.
- Naquela época, Dilma já tinha uma presença forte. Era naturalmente  uma líder e muito solidária. Quando a vi num cargo importante no governo  Lula, não tinha dúvida que chegaria a presidente do Brasil - disse  Rose, que lembrou ainda do gosto de Dilma pela música.
- Ela gostava de cantar "Chico mineiro" - contou Rose, citando uma música caipira que fez sucesso com a dupla Tonico e Tinoco.
As outras colegas de cela que estarão na posse são: a arquiteta  Maristela Scofield; a uruguaia Maria Cristina de Castro, que trabalha no  Ministério das Minas e Energia; a psicóloga Lúcia Maria Salvia Coelho; a  arquiteta Ivone Macedo; Francisca Eugênia Soares e as irmãs Iara de  Seixas Benichio e Ieda de Seixas, de uma família que atuou na oposição  aos militares.
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